Voltar ou não voltar ao escritório? Sim, mas com um ‘better normal’

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Teletrabalho.
Natalim3

Não tenho dúvidas de que o futuro passa por este modelo misto. Não só pelo estudo de tendências e referências mundiais que temos feito, como também na nossa observação e estudo interno.

Por Ricardo Parreira *

Com a pandemia longe de estar finalizada, e com a expectativa de uma possível segunda vaga, as empresas colocam-se na posição de se devem ou não voltar “à normalidade”. Ou seja, se devem ou não regressar ao modelo office-centric.

As opiniões parecem dividir-se, algo polarizadas, em dois grandes blocos. De um lado, os defensores de um regresso total às rotinas já instaladas e que permitem que a empresa opere como dantes; do outro, quem esteja a descobrir o teletrabalho em larga escala e os seus benefícios empresariais (tanto de processos, como financeiros).

Ao contrário do que por vezes se pensa, a escolha de uma destas opções impera menos por convicção e mais pelo condicionamento das circunstâncias. Um conjunto de variáveis de gestão, como o setor, o modelo de negócio, a cultura da empresa, a sua capacidade de adaptação, a sua saúde financeira, e, claro, o seu grau de maturidade a nível de ferramentas de software.

E é nesse olhar para as diferentes variáveis que desponta uma nova possibilidade. E se a escolha não tiver de ser entre voltar ao escritório ou ficar em casa? E se conseguirmos o melhor dos dois mundos? Será este o futuro?

Como muitos sabem, estamos a repensar toda a experiência de trabalhar na PHC Software, com novos escritórios no Porto já inaugurados, e os de Lisboa em construção. Isto obriga-nos a estudar as melhores práticas para trabalhar e olhar com um grande nível de detalhe para o que estamos a construir. E é nesse ponto que percebemos que o futuro está num modelo misto.

O futuro das empresas passa por ter as condições tecnológicas e de software para permitir trabalhar à distância, em casa, ou noutro lado qualquer. Possibilitando tempo e condições para uma maior produtividade no trabalho que requer um grande foco e reflexão; algo que, como sabemos, é invariavelmente afetado pelas distrações constantes nos escritórios.

Esse mesmo futuro, passa também por não abdicar de ter instalações, que se tornarão, cada vez mais, espaços de cultura e de criatividade. Ótimos para trabalho e atividade em equipa, fomentar a capacidade de trabalho, resolução de problemas e inteligência coletiva de uma empresa.

Não tenho dúvidas de que o futuro passa por este modelo misto. Não só pelo estudo de tendências e referências mundiais que temos feito, como também na nossa observação e estudo interno. Os nossos colaboradores, de forma geral, gostam de trabalhar em casa e sentem-se mais produtivos. Mas também sentem falta de estar com os colegas.

Numa das nossas sessões, a que chamamos “Ask the CEO”, uma espécie de reunião geral de ponto de situação, onde todos podem colocar questões à administração, perguntámos do que sentiam mais falta neste tempo de teletrabalho. E a resposta foi, por uma estrondosa maioria, estar com os colegas.

E foi também por isso que, quando chegou a altura de tomar a decisão de voltar ou não para o escritório, optámos por um modelo misto. Até ao final do ano, todos os colaboradores podem optar por trabalhar quatro dias por semana em casa, sendo que num dos dias é obrigatório a equipa reunir fisicamente nas instalações.

Seguindo todas as normas da DGS, limitámos também a ocupação do escritório até final da situação de pandemia. Queremos que o regresso seja em segurança e com a máxima tranquilidade. Este é apenas mais um passo para começarmos a construir um better normal, onde as pessoas podem tirar o máximo da sua produtividade e manter a cultura e a inteligência coletiva.

Voltar ou não para o escritório é uma decisão difícil para todo o gestor. E, se é verdade que as circunstâncias condicionam a nossa decisão, também é possível mudar a perspetiva e encontrar novas formas de beneficiar e empresa e os seus colaboradores.

* CEO da PHC Software (artigo publicado originalmente na Revista PME Magazine).