Nos últimos anos, assistimos ao crescimento exponencial da popularidade dos videojogos, em particular daqueles que envolvem batalhas virtuais e cenários de sobrevivência. Entre estes, o Fortnite destaca-se como um dos maiores fenómenos culturais entre os jovens. No entanto, apesar do seu sucesso, torna-se cada vez mais evidente que este jogo, tal como muitos outros do género, pode ser demasiado violento e inadequado para as faixas etárias mais jovens.
Por Diogo Fernandes Sousa *
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Ao contrário de jogos mais antigos, que eram explícitos na sua representação da violência, Fortnite adota uma estética que, à primeira vista, parece inofensiva. No entanto, esta aparência não deve iludir porque por detrás disso esconde-se um jogo onde o objetivo principal é eliminar outros jogadores para ser o último sobrevivente. Esta lógica de sobrevivência, onde todos são adversários, promove um comportamento de constante violência e agressividade.
Um dos aspetos mais preocupantes do jogo Fortnite é a forma como normaliza a agressão. Os jovens são encorajados a ver a eliminação de outros jogadores como algo banal e divertido. Este tipo de conteúdo pode dessensibilizar os mais jovens, tornando-os menos sensíveis à violência também na vida real. A repetição constante de atos violentos, mesmo que estilizados, pode levar à interiorização de comportamentos agressivos como sendo aceitáveis ou normais.
Diversos especialistas, nomeadamente psicólogos, têm vindo a alertar para os riscos que o uso excessivo de jogos como Fortnite pode ter no desenvolvimento dos jovens. Estes jogos, além de promoverem uma lógica de “facilitismo”, onde tudo deve ser alcançado rapidamente, podem prejudicar a capacidade dos jovens de lidar com frustrações e de desenvolver habilidades sociais saudáveis.
A interação social em Fortnite é superficial e está limitada ao contexto do jogo, o que pode dificultar o desenvolvimento de relações interpessoais. Além disso, o imediatismo promovido pelo jogo pode criar uma geração de jovens incapazes de tolerar o esforço necessário para atingir objetivos a longo prazo.
Outro perigo oculto em Fortnite é a ilusão de que os jovens estão a socializar de forma saudável enquanto jogam. Muitos pais podem pensar que, ao jogar online com amigos, os seus filhos estão a manter laços de amizade, mas esta é uma interpretação errada. As interações no jogo são limitadas a tarefas específicas. Este tipo de socialização pode levar a dificuldades em estabelecer e manter relacionamentos fora do ambiente virtual.
Em conclusão, Fortnite e jogos semelhantes podem parecer inofensivos à primeira vista, mas a sua natureza violenta e os efeitos psicológicos que podem causar não devem ser subestimados. A responsabilidade de proteger os jovens de conteúdos inadequados recai, desde logo, sobre os pais. É fundamental reconhecer os perigos escondidos por detrás desses jogos e agir para garantir que os jovens cresçam num ambiente saudável, livre da normalização da violência e do imediatismo prejudicial que estes jogos promovem.
* Docente do Instituto Politécnico Jean Piaget do Norte.
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