Os problemas de saúde individual implicam uma intervenção centrada na pessoa e nas suas necessidades específicas. Já os problemas de saúde pública, afetando uma proporção significativa da população, caraterizam-se por um elevado impacte social e económico – que transcende, em muito, os custos (diretos) de tratamento da doença.
Por Lúcio Meneses de Almeida *
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A capacidade de um problema de saúde ser influenciado favoravelmente, em função dos recursos disponíveis, é outro dos critérios de priorização, relativamente aos problemas identificados numa comunidade ou numa população.
Intervir em Saúde Pública implica concertar esforços, visando objetivos estabelecidos em função de necessidades reais. Trata-se de um desiderato incompatível com intervenções espúrias e primariamente narcisistas.
O envelhecimento demográfico é uma das maiores conquistas da Saúde Pública Global; mas é, simultaneamente, um dos seus maiores desafios. Em consistência com a célebre lei de Pareto, uma maior prevalência de idosos traduz-se por um maior consumo de cuidados de saúde.
Não basta, no entanto, aumentar a capacidade de resposta dos serviços de saúde, nem tão pouco assegurar a sua dotação em determinadas áreas clínicas diferenciadas; há, primariamente, que promover a saúde ao longo de todo o ciclo de vida, privilegiando, pelos seus ganhos potenciais, as fases mais precoces.
Promover o envelhecimento ativo e saudável (“healthy ageing”) não é sinónimo de promover uma velhice saudável (“healthy old age”): o primeiro é um processo, que começa na infância ou mesmo na gestação; o último corresponde à etapa final do ciclo vital – menos “moldável” e, por consequência, com um potencial de ganhos em saúde muito inferior.
Desta forma, o envelhecimento ativo e saudável deverá contemplar, como settings e públicos-alvo, maternidades, creches, jardins-escola, estabelecimentos de todos os graus de ensino e a população ativa (“quem vai ser”), em vez de se limitar ao grupo etário dos idosos (“quem é”).
Importa não esquecer programas nacionais de saúde, como o de saúde escolar, nem os serviços do SNS responsáveis pela proteção e promoção da saúde das populações. Destacam-se, no que a estes últimos diz respeito e a nível local, as unidades de saúde pública.
É que para intervir, de forma efetiva, perante o desafio do envelhecimento demográfico, não basta “prevenir para não remediar”: há que ter em conta que “de pequenino é que se torce o pepino”
* Médico Assistente Graduado de Saúde Pública Presidente do Conselho Nacional de Ecologia e Promoção da Saúde da Ordem dos Médicos. Artigo publicado originalmente no site Healtnews.pt.
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