Valorização, qualificação e otimização da cadeia de conversão da madeira

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Biomassa florestal.

Um dos recursos florestais com forte impacte na balança comercial nacional é a madeira. Torna-se, por isso, importante que a cadeia de conversão da madeira seja o mais otimizada possível e, consequentemente, valorizada. A necessidade desta otimização e valorização torna-se premente face à escassez de recursos naturais e humanos, que tanto têm vindo a afetar este sector.

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Por Sofia Knapic *

Atualmente, à falta de água e à degradação do solo em algumas zonas, junta-se a escassez no que toca à quantidade e qualidade de madeira. As alterações climáticas são uma realidade, contribuindo, em muito, para um aumento exponencial dos riscos bióticos e abióticos, com consequente impacte sobre a distribuição potencial das espécies e sobre as alterações na produtividade potencial lenhosa.

Numa altura em que é cada vez mais solicitado o uso da madeira como matéria-prima, nomeadamente no sector da construção, torna-se imperativo fomentar o aumento da área florestal plantada, apostando na diversificação de espécies – olhando para outras espécies que não têm sido valorizadas até agora – e no melhoramento genético. Em paralelo, importa também combinar diferentes espécies que viabilizem o desenvolvimento de novos produtos de base lenhosa – potenciando as suas melhores propriedades físicas, químicas e mecânicas.

Esta necessidade traduz-se numa valorização, qualificação e otimização da cadeia de conversão da madeira. Esta cadeia inicia-se com a recolha da matéria-prima na floresta e termina no consumidor, com a aquisição do produto final. As operações desenvolvem-se sequencialmente e o produto que resulta de uma fase de produção constitui matéria-prima da fase seguinte.

A otimização da cadeia de conversão da madeira tem de responder às tendências da procura. Ao fazê-lo vai pressionar a diversificação da floresta e a sua gestão mais sustentável, com reflexos positivos nas áreas de produção, mas também nas de conservação e na dinamização dos territórios de baixa densidade.

A otimização da cadeia de conversão da madeira requer um fluxo de informação no sentido inverso ao da matéria-prima. Deste modo, a informação sobre as necessidades e tendências ao nível da inovação e da sustentabilidade do lado da procura (pelos consumidores) exercerá pressão sobre as entidades responsáveis pela transformação que, por sua vez, irão procurar uma produção de matéria-prima adequada.

A otimização contribui, deste modo, para a valorização da cadeia de conversão da madeira, uma vez que esta tem um claro impacte na produção, pela necessidade inerente de uma adequada gestão florestal, com vista à obtenção de produtos de alto valor acrescentado.

É assim possível promover o aumento do valor económico deste sector, apostando na inovação e sustentabilidade como um diferenciador estratégico. Este potencial aumento económico poderá permitir uma melhor gestão e manutenção dos povoamentos florestais, o que, por sua vez, contribuirá para uma diminuição do potencial de risco de incêndio. Por estas razões a otimização da floresta de produção terá também um impacte positivo na gestão da floresta de conservação.

Do lado das empresas e indústrias do sector, a valorização é possível através de uma forte aposta na investigação, desenvolvimento e inovação, com foco em produtos de valor acrescentado e apoiada em ferramentas e tecnologias. Esta valorização fortalece a entrada das empresas do sector na era digital, acompanhando os desafios da indústria 4.0, e, consequentemente, tornando-as mais competitivas, o que, no final, contribui para a criação de valor nos territórios de baixa densidade, onde na sua maioria se inserem.

Por fim, importa salientar que a floresta tem um papel determinante que não se restringe à realidade económica, tendo um claro reflexo na identidade sociocultural local. A valorização dos produtos de base florestal promove, assim, a dinamização da economia com particular impacte nas zonas rurais, contribuindo para o atenuar da contínua desertificação que todos os anos se tem vindo a verificar nestes territórios.

* Doutorada em Engenharia Florestal e de Recursos Naturais, com especialização em tecnologia de produtos de base florestal, pelo Instituto Superior de Agronomia. Coordenadora de I&D&I no SERQ – Centro de Inovação e Competências da Floresta. Artigo publicado originalmente em Florestas.pt.

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