Unidades de alojamento na hotelaria para outros fins

1992
Aveiro.
Natalim3

Há muito que a AHP vem defendendo o mix use dos estabelecimentos hoteleiros, que possam servir de alojamento temporário a turistas mas simultaneamente de habitação; espaços de escritório; hostels, etc.

Por Raul Martins *

A AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, maior e mais representativa associação da indústria hoteleira em Portugal, dirigiu ao Governo uma proposta estruturada para que as unidades de alojamento na Hotelaria possam ser utilizadas para outros fins, além do alojamento de turistas.

Seguindo exemplos internacionais e fazendo frente à ausência de turismo, considera fundamental que parte, ou a totalidade, das unidades de alojamento dos hotéis, presentemente desocupadas e que já servem para alojamento a estudantes, no âmbito de protocolos com as Universidades ou semi-residência de profissionais de saúde, possam ainda ter outras utilizações comerciais, de curta ou longa duração: serviços de escritório; espaços de cowork; realização de reuniões; exposições e outros eventos culturais; showrooms; ensino e formação; eventualmente centros de dia ou residências assistidas.

A situação é complexa e estamos todos a lutar pela manutenção das empresas e dos postos de trabalho, pelo que a alteração temporária de uso das unidades de alojamento pode ser uma boa alternativa para muitos empreendimentos turísticos, porque hóspedes, que garantam a sustentabilidade do negócio, não sabemos quando voltaremos a ter.

De resto, a AHP desde há muito que vem defendendo o mix use dos estabelecimentos hoteleiros, que possam servir de alojamento temporário a turistas mas simultaneamente de habitação; espaços de escritório; hostels, etc.

Há várias razões que impelem esta evolução legislativa: por um lado, as funções não são estanques e há uma procura muito dinâmica e “nómada” de soluções não rígidas; por outro a rentabilidade das empresas hoteleiras depende de aproveitarem melhor os espaços, caros, muitas vezes com pouca utilização.

Quer o Turismo de Portugal, onde levámos esta proposta em Setembro, quer a Senhora Secretária de Estado do Turismo mostraram a maior abertura para estas soluções.

Esta proposta surge num momento em que as projeções da AHP, com base no último inquérito que realizou [ver aqui as conclusões do inquérito], são de que até ao final do ano irá haver um encerramento superior a 70% na Hotelaria, com uma perda importante de receitas e dormidas, ainda para mais no momento em que, devido à 2ª vaga da pandemia, as restrições estão a aumentar em toda a Europa.

A AHP aguarda, agora, o enquadramento legal para estas utilizações.

* Presidente da AHP.

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