A globalização, a Internet, vieram para ficar. E quem não perceber isto, que é elementar, arrisca-se a ficar pelo caminho.
Por Dinis Abreu *
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A profunda crise que está a ser vivida pelos jornalistas e outros colaboradores da Global Media Group, que voltaram à greve, só poderá surpreender os mais distraídos ou menos familiarizados com as negociatas que passaram a condicionar alguns dos principais títulos da Imprensa e de outros meios de comunicação social.
O desespero instalou-se de tal forma que já houve quem escrevesse a defender a nacionalização do Grupo, indo ao encontro dos desejos, nunca disfarçados, de iluminados, que nunca desistiram de controlar os media desde o PREC, quando o fizeram em ambiente revolucionário.
O Estado não teve nem tem vocação para gerir jornais, rádios ou televisões, embora seja de reconhecer que, no sector privado, há arrivismos pouco inocentes, responsáveis pela decadência de vários meios.
No Congresso dos Jornalistas haverá, decerto, oportunidade para reflectir sobre o estado dos media portugueses, de preferência sem o enviesamento das paixões político-partidárias, e desde que a análise seja fria e objectiva, procurando soluções desapaixonadas e ágeis, que não mergulhem as redacções em obediências lesivas do rigor e da independência dos seus profissionais.
O ofício de jornalista mudou e passou a exigir-lhe uma polivalência permanente. O jornalismo passou a ser desafiado na Internet pelas grandes plataformas digitais e pelas redes sociais, que conquistaram um estatuto próprio, atraindo sobretudo o público mais jovem.
A percepção tardia desta mudança ditou a falência de várias empresas editoriais, enquanto outras sobrevivem com dificuldades crescentes, impreparadas para lançarem uma resposta consistente para estes novos desafios.
A globalização, a Internet, vieram para ficar. E quem não perceber isto, que é elementar, arrisca-se a ficar pelo caminho.
Infelizmente, o caso da Global Media Group poderá não ser único se não houver a coragem e a capacidade para encontrar hoje, em função de um novo paradigma, as soluções para o futuro.
De outro modo, o colapso anunciado tornar-se-á efectivo. E não adiantará escrever que a crise “estava escrita nos astros”…
* Artigo publicado originalmente no Clubedeimprensa.pt.
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