Vivemos a época festiva natalícia com o coração apertado com as últimas notícias que nos chegam através da comunicação social e que relatam um país com menos população e com maior número de velhos (Censos 2021, divulgado dia 23 de Novembro).
Por Maria do Rosário Gama *
Temos hoje 182 pessoas idosas (mais de 65 anos) por cada 100 jovens, tendo a idade média da população aumentado 3,1 anos face ao último Censos de 2011. A par da questão demográfica, surge um outro dado que nos revela que a população portuguesa está “mais pobre e a ficar para trás”. O impacto da pandemia e da guerra em Portugal foi muito forte, contribuindo para um agravamento das condições de vida e rendimento da população.
Os dados da Pordata para o Dia Internacional da Pobreza revelam que o número de pessoas em risco de pobreza ou de exclusão social aumentou 12,5% em 2020 comparativamente a 2019, a primeira subida desde 2014, e neste número estão incluídas as pessoas com mais de 65 anos que, em 2021, eram mais 1,6 milhões – os pensionistas da Segurança Social que viviam com pensões inferiores ao salário mínimo nacional (665 euros).
Outro dado preocupante tem a ver com as desigualdades em Portugal: o país apresenta-se como o Estado-membro da UE com maior aumento dos níveis de desigualdades de rendimento face ao inquérito anterior, ou seja, os mais ricos estão mais ricos e os mais pobres, mais pobres.
Outro dos dados revelados pelo Censos 2021: – Mais de um milhão de portugueses vivem sozinhos. Ou seja, quase um quarto (24,8%) dos agregados são unipessoais – valor que aumentou 18,6% face a 2011. – Portugal é o 2º pior dos 27 da União Europeia com mais pessoas a viverem em alojamentos com más condições (25%) e o quinto a passar mais frio (16%).
Conclusão: como a taxa de inflação está a subir e as pensões de velhice e invalidez a não acompanharem esse aumento, perspetivam-se tempos difíceis que atingirão, de forma muito particular, as camadas mais vulneráveis da sociedade, onde se incluem as pessoas mais velhas.
A APRe!, tendo em conta a questão demográfica e as múltiplas declarações públicas acerca do equilíbrio financeiro da Segurança Social, no que diz respeito ao sistema previdencial de pensões, apresentou uma proposta ao Presidente da Assembleia da República no sentido de que este órgão de soberania patrocine uma Conferência Nacional sobre a temática referida e no seu espaço institucional, com este grande objectivo: abrir e liderar um debate nacional acerca da situação financeira actual e dos meios adicionais de financiamento da Segurança Social que assegurem o equilíbrio das suas contas, sobretudo relativamente às gerações mais jovens.
Tendo em conta os dados atrás expostos, subscrevo as palavras de Natália Faria, no jornal Público de 23 de Novembro, sobre a necessidade de se olhar o
envelhecimento de frente, ajudando os cansados das cidades a mudarem-se para o interior, preparando hospitais para picos de procura, repensando lares, apostando em especialidades geriátricas.
Boas Festas !
* Editorial do boletim mensal APRe! Notícias – Associação dos Aposentados, Pensionistas e Reformados. https://www.apre-associacaocivica.pt/
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