Um olhar sobre os Cuidados Paliativos

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Cuidados paliativos (arquivo).
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O que na verdade tem de ser feito é o alargamento da Rede de Cuidados Paliativos ao nível dos ACES e a criação de uma carreira especifica para os profissionais que se dedicam a tempo inteiro a esta área da saúde.

Por Rosa Aparício *

Urge alargar a Rede de Cuidados Paliativos, temos de querer mais e melhores respostas neste tipo de cuidados tão, mas tão importantes nos dias que correm porque a vida humana é soberana e não tem preço.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), Cuidados Paliativos define-se como uma abordagem médica abrangente que se destina a melhorar a qualidade de vida dos doentes (e das suas famílias), que enfrentam uma doença grave ou incurável.

Ou seja, tratam-se de cuidados que visam dar uma resposta ativa aos problemas resultantes de doenças prolongadas, incuráveis e progressivas, como empreendimento na prevenção do sofrimento que elas produzem e de proporcionar a máxima qualidade de vida, possível, aos doentes e seus familiares.

Como é conhecido, o aumento da longevidade do ser humano tem conduzido a um crescente das doenças crónicas que, inevitavelmente, carecem de cuidados específicos destinados ao tratamento e alívio do seu sofrimento.

Contudo, é importante salvaguardar, desde já, que um doente em cuidados paliativos não tem, obrigatoriamente, que ser um doente terminal.

Nos dias de hoje, e felizmente, todos os Hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), já contemplam uma equipa intra-hospitalar de suporte em cuidados paliativos assim como, já existem em 26 Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), uma Equipa Comunitária de suporte.

Efetivamente, existem equipas de cuidados paliativos em todo o país, mas no que ao atendimento do doente diz respeito, ainda muito precisa de ser feito. E porquê? Porque as equipas existentes são muito reduzidas.

A grande maioria das equipas intra-hospitalares são constituídas por um ou dois médicos a tempo parcial, o mesmo acontecendo com as equipas de enfermagem, psicólogos e assistentes sociais, todos eles em tempo parcial o que se traduz manifestamente num atendimento insuficiente.

No que respeita às equipas domiciliárias de suporte em cuidados paliativos, dos 55 ACES só 26 se encontram dotados com estas equipas, como já referido anteriormente, o que ilustra bem a escassez de resposta do atendimento neste tipo de cuidados. E, esta escassez de cuidados, genericamente, não se prende com a qualidade do atendimento porque acreditamos que os profissionais que trabalham nesta área, são pessoas muito motivadas, muito empenhadas e que dão tudo de si.

O que na verdade tem de ser feito é o alargamento da Rede de Cuidados Paliativos ao nível dos ACES e a criação de uma carreira especifica para os profissionais que se dedicam a tempo inteiro a esta área da saúde.

Uma Problemática identificada e que em nada contribui para o aumento de profissionais médicos a dedicarem mais tempo aos cuidados paliativos prende-se com o fato de não existir especialidade médica em cuidados paliativos e, por essa razão, um médico que se dedique em exclusivo aos cuidados paliativos não consegue progredir na carreira médica da sua especialidade base.

A outra problemática prende-se com a falta de formação de profissionais especializados para o trabalho em cuidados paliativos para que estes exerçam a sua atividade profissional exclusivamente no suporte a este tipo de cuidados.

Lembramos que os profissionais de saúde que trabalham nas Unidades de Cuidados Paliativos dedicam-se a doentes com uma exigência muito especifica que exige uma abordagem bem diferente da abordagem que é realizada em outros serviços de saúde.

Tratam-se de doentes com situações clínicas instáveis onde, muitas vezes, é necessário a tomada de decisões complexas, como suspender um tratamento vital ou suspender um ventilador não esquecendo que, para além desta fase, existe todo um caminho que tem de ser acompanhado fruto dessas mesmas decisões.

Não podemos esquecer que estes profissionais de cuidados paliativos são também um suporte importante para as famílias dos seus doentes quer em vida quer após a sua morte, sempre que se justifique, auxiliando-os a fazer o luto, um luto saudável.

Ajudar o outro é um ato de grandeza e traduz o nosso sentido da vida pelo que temos de investir neste apoio e criar mais capacidade de resposta para melhorar a vida dos que mais precisam.

* Mestrado em Administração e Gestão Pública em Universidade Aveiro.

Rosa Aparício.

 

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