Um cravo para Abril

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Defendemos a urgência de políticas públicas eficazes no combate à solidão, ao abandono, à violência, destacando o papel das autarquias na identificação das vítimas e na garantia da solução para os problemas identificados.

Por Maria do Rosário Gama *

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Quer chova, quer faça sol, estamos todos convocados para sair à rua no dia 25 de Abril, de cravo na mão, para celebrar a liberdade e a democracia de que não abdicaremos. A incerteza quanto ao futuro, que se apresenta sombrio e muito perigoso, contrasta com a segurança sobre o que vamos continuar a fazer no presente, para garantir os direitos que defendemos e não permitir um retrocesso tantas vezes ensaiado em programas partidários, nomeadamente no que se refere ao sistema redistributivo das pensões, bem como à sustentabilidade da Segurança Social.

Rejeitamos quaisquer tentativas de privatização, total ou parcial, do sistema de pensões, bem como de qualquer exercício ou experiência de “plafonamento” de contribuições e pensões.

Queremos a garantia de uma vida digna para os mais velhos, a valorização da sua autonomia não permitindo a interferência das famílias e do Estado nas escolhas que temos de fazer quando ainda na posse das nossas capacidades físicas e mentais. Queremos reduzir a necessidade de institucionalização, recorrendo, para isso, ao reforço da rede de prestadores do Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) e das Equipas de Cuidados Continuados Integrados Domiciliários (ECCI), à criação de uma Rede Nacional de Cuidados, com o alargamento dessa rede, com reforço das vagas e ainda todos os cuidados necessários para garantir assistência médica e de enfermagem, quer nas Instituições, quer no domicílio, de modo a privilegiar a hospitalização domiciliária, sem esquecer o combate aos chamados “internamentos sociais”.

Defendemos a urgência de políticas públicas eficazes no combate à solidão, ao abandono, à violência, destacando o papel das autarquias na identificação das vítimas e na garantia da solução para os problemas identificados. Não descuidamos o combate a qualquer forma de preconceito contra as pessoas mais velhas, denunciamos os estereótipos que pretendem criar para nós uma imagem de inactividade e conformismo, exigimos o reconhecimento da nossa produtividade e respectivo contributo para uma sociedade que queremos cada vez mais inclusiva.

Queremos a garantia de que nenhuma pensão perde poder de compra, seja qual for o valor do crescimento da economia e da inflação. Defendemos a valorização do Complemento Solidário para Idosos, em linha com o limiar da pobreza, pago em catorze prestações por ano, em vez das actuais doze, e em que a exclusão definitiva dos rendimentos dos filhos da condição de recursos seja uma realidade.

Queremos que o aumento da longevidade seja acompanhado por um aumento da qualidade de vida e que ninguém fique para trás nesta sociedade em constante mutação. Defender Abril é também defender a dignidade dos mais velhos.

25 de Abril, Sempre!

* Editorial do Boletim da APRe .

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