Ainda nem começou 2022 e já se escreveu imenso sobre os perigos do ano (inflação, guerras, pandemias, ciberameaças, mordaças ao pensamento livre, etc., etc., etc.). Mas… e as oportunidades?
Por Jorge Ribeirinho Machado *
2022 vai ser mais um ano cheio de possibilidades para quem está a inovar com a tecnologia. As possibilidades são infindáveis, mas podemos focar-nos em três áreas: ser um player 100% digital; contribuir para o aumento da eficiência e para a inovação disruptiva; e melhorar a experiência e o engagement dos clientes.
A quantidade de novas e melhores ferramentas de inteligência artificial e de data analytics que vai aparecer no próximo ano será enorme, e com elas a capacidade de as empresas digitalizarem os seus modelos de negócio, os seus produtos e serviços, e, naturalmente, os seus processos. Além disso, a recolha de dados também crescerá, e com ela a fiabilidade e a abrangência das (novas) ferramentas.
O mundo da indústria 4.0 vai chegar a mais empresas, porque ficará mais barato, e as experiências dos clientes poderão ser mais customizadas – atenção a que as experiências inesquecíveis têm sempre uma componente emocional, e as máquinas dificilmente a conseguem oferecer!
A pandemia enquanto tal vai acabar, mas os efeitos vão-se sentir durante anos. Por isso, o que é interessante é conseguir alavancar o negócio nas boas mudanças que a vida em contexto de pandemia trouxe (ou forçou): não foi só a adoção de tecnologia, mas também a nova visão do trabalho e a compreensão de que a cooperação é um valor crítico na nova economia.
Ganhará os seus colaboradores quem conseguir manter uma cultura forte e ao mesmo tempo a liberdade para trabalhar em casa ou no escritório.
Para muitos, o trabalho a partir de casa aumentou a qualidade de vida e a eficiência, aproveitam melhor o tempo – Elon Musk dizia numa entrevista recente que, na Tesla, uma pessoa pode sair de uma reunião a meio se vir que não lhe vale a pena lá estar; ora bem, na prática todos já fazíamos isso nas reuniões por videoconferência –; no entanto, há provavelmente outros tantos que trabalham melhor no escritório. As empresas que vão ganhar a guerra pelo talento saberão discernir o que é apropriado para cada função e cada pessoa no que respeita ao trabalho em casa ou não.
As vantagens da cooperação ficaram mais patentes com a pandemia: a velocidade na resposta eficaz ao vírus só foi possível porque uma multidão de cérebros se puseram a trabalhar em conjunto para resolver o problema; nos confinamentos, ficámos em casa em prol do Bem Comum, mesmo com prejuízo individual; e mais e mais empresas entregam os seus produtos e serviços através da sua extended entreprise (o conceito de que uma empresa não opera isoladamente porque o seu sucesso depende de uma rede de relacionamentos com parceiros).
Agora que até o mundo político tem consciência de que o esforço de aumentar a sustentabilidade é urgente, tanto ambiental como socialmente (o terceiro pilar, o governo da organização, continua a ser menos evidente), será mais fácil vender os produtos e serviços que respondem às necessidades de mais sustentabilidade das empresas.
Em 2022 também haverá muitas oportunidades consequência do que correu mal na crise económica destes últimos anos. O crescimento da economia será resultado do crescimento de alguns sectores, mas também da recuperação de sectores que “bateram no fundo”. Em concreto, o turismo voltará a crescer significativamente, mas de uma forma mais sustentável, digital e eficiente; além disso, a falta de pessoas para trabalhar neste sector vai obrigar a que os salários subam e também por isso as empresas vão procurar pessoas com qualificações mais elevadas.
Por último, agora que o PRR está praticamente todo atribuído, 2022 será o ano em que este dinheiro começará a chegar à economia. É verdade que as decisões de aplicação dos fundos serão tomadas pelas entidades estatais, mas as empresas privadas serão aquelas que vão implementar os projetos. O PRR e o novo quadro comunitário vão injetar muito dinheiro na economia. Deus queira que seja aplicado da forma mais correta!
* Professor na AESE Business School. Artigo publicado originalmente na revista Start & Go (edição de janeiro de 2022).
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