UA: “Os estudantes vão sentir-se muito bem-vindos” – António Alves, presidente da AAUAv

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Universidade de Aveiro (acolhimento de novos alunos).

Numa entrevista gravada antes da divulgação pública dos primeiros casos de estudantes universitários locais infetados pelo Covid-19, o presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), António Alves, mostrava-se tranquilo com o trabalho de preparação para garantir o regresso às aulas com “a maior normalidade possível” (c/vídeo).

Como está a decorrer o regresso às aulas na UA após um final de ano letivo anterior marcado pela suspensão do ensino presencial e das atividades académicas ?

Obrigou a uma mudança de paradigma, também da forma como os estudantes encaravam o ensino superior. Este é um regresso a uma nova normalidade, mas muito mais próxima do que estávamos habituados. Para já, fazemos um balanço deste arranque extremamente positivo, os estudantes estavam todos muito desejosos de voltar.

Os serviços da universidade também revelam dificuldades, esperam que as rotinas se instalem rapidamente ?

Estamo-nos a habituar uma nova normalidade nos nossos campus, em Aveiro, Águeda e Oliveira de Azeméis. Há novos hábitos de segurança que temos de ter, ninguém gosta de usar a máscara, mas é para proteção própria e de quem nos rodeia; a higiene das mãos e distanciamento social é algo que se impõe e vai marcar os próximos meses, Estamos plenamente confiantes no planeamento que a UA fez e de que a Associação Académica foi parceira para responder a estes novos desafios. Estou muito certo que se fizeram os maiores esforços para o regresso acontecer com a maior normalidade possível.

A receção ao caloiro vai ser mais distanciada, com a mesma atenção e carinho ?

A nossa integração, as iniciativas culturais, sociais e desportivas, vão ser readaptadas a esta nova realidade, sem concertos, festas e convívios na dimensão em que ocorriam. Mas não queríamos mostrar que estivemos parados, pela responsabilidade que temos.
Sentimos que temos um papel importante no acolhimento dos 2300 alunos novos que chegaram, temos esse compromisso de integração.
As iniciativas são um bocadinho diferentes, correspondem às normas de saúde pública. Vamos ter cinema, concertos, sessões de stand up. Cumprindo sempre as normas de segurança.
Temos a ambição de impor dinâmicas que visem a participação dos estudantes a nível cultural, desportivo ou pedagógico, com as condições necessárias. Asseguramos isso na universidade, fora do campus não conseguimos garantir. Preferimos que os estudantes estejam ocupados na universidade com todas as condições.

Quais foram as consequências pedagógicas do confinamento, vai ser preciso uma readaptação ?

Do ponto de vista pedagógico, a adaptação ao novo modelo de ensino à distância foi um bocadinho difícil, não estávamos habituados, exigiu muito dos estudantes e dos professores, nos períodos letivos e de avaliação, Fizeram-se melhoramentos. De uma maneira geral, a universidade respondeu de forma muito competente. No entanto, perdeu-se alguma componente prática e técnica que ainda não foi recuperada. A universidade está a criar mecanismos para isso acontecer.

Há risco de estudantes não voltarem ou suspenderem a atividade académica por dificuldades económicas ? Existem famílias a sofrer as consequências financeiras da pandemia.

Há um impacto económico muito forte na comunidade estudantil. Por isso, fizemos com outras associações um esforço de reivindicar, nomeadamente na ação social. Alguns aspetos do regulamento de atribuição de bolsas de estudos podiam não salvaguardar as melhores condições para os estudantes. Uma das coisas foi o aumento do limiar da atribuição de bolsas, mais alunos terão direito a bolsa de estudo, mais a não diminuição do valor da bolsa, que acompanhava a redução das propínas. Mais importante é a pandemia ser tida em conta na altura da candidatura, que é baseada no ano anterior. Conseguimos que os reflexos da pandemia fossem contemplados aquando do pedido da bolsa.
No alojamento, o Governo previa aumentar 12 mil camas no país, mas não está a responder às expetativas, pelo contrário houve uma diminuição de camas nas residências devido ao fim dos quartos duplos e triplos que não garantiam a segurança por razões de saúde pública.
Em Aveiro, poderia ser alternativa a parceria anunciada pelo Governo com a hotelaria para disponibilizar quartos, mas aqui não teve manifestação para as necessidades que são cada vez mais crescentes, com preços a aumentarem exponencialmente, para além da pouca oferta. Temos testemunhos de desespero, que foram sendo resolvidos.

Esta fase levou a redefinir objetivos na AAUAv?

Redefinimos prioridades, um trabalho mais interno de reorganização, de arrumar a casa, mas garantimos muito dinamismo na UA, que tem muito mais a oferecer do que recebe na sala de aula. É muita rica em oportunidades. Os núcleos estão muito comprometidos, com meses de intenso trabalho e dinamismo para compensar.

A cidade vai sentindo a vossa falta…

O pior já passou, pelo retorno que os nossos parceiros nos dizem. Havia um vazio, estavam quases desesperados para que os estudantes voltassem à cidade. Se andarmos na rua, uma em cada cinco pessoas são estudantes da UA, isso tem reflexo no dinamismo e na economia local. Haverá um impacto em período homólogo, mas neste regresso será muito positivo e os estudantes vão sentir-se muito bem-vindos.

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