Recentemente, tive a oportunidade de acompanhar 86 produtores de vinho nacionais na 10.ª edição do “Vinhos de Portugal”, um grande evento de promoção que levou às duas mais importantes cidades brasileiras – Rio de Janeiro e São Paulo – alguns dos melhores exemplos do que se faz no país ao nível dos vinhos, gastronomia e enoturismo.
Por Pedro Machado *
Fi-lo enquanto presidente da ARPT – Agência Regional de Promoção Turística Externa do Centro de Portugal. Foi uma experiência particularmente enriquecedora, que partilhei com as nossas Comissões Vitivinícolas e que comprovou a máxima de que os bons encontros e as boas conversas acontecem muitas vezes em redor de uma degustação de vinhos.
Com uma afluência total de público de cerca de 11 mil pessoas, a 10.ª edição do Vinhos de Portugal foi um enorme sucesso. No Rio de Janeiro, de 9 a 11 de junho, participaram cerca de 7 mil pessoas. Em São Paulo, foram 4 mil, entre 15 e 17 de junho. No ano passado, somando as duas cidades, o evento tinha recebido 8,5 mil pessoas, pelo que é evidente o interesse crescente que os vinhos portugueses geram do lado de lá do Atlântico.
Foi particularmente estimulante ver o entusiasmo que os vinhos do Centro de Portugal despertaram entre os visitantes. De notar que o único Master of Wine – a categoria mais elevada que alguém pode atingir enquanto especialista de vinhos – lusófono é o brasileiro Dirceu Vianna Júnior e, durante estes seis dias, fez os maiores elogios aos vinhos de Portugal e do Centro de Portugal, em painéis em que tivemos o prazer de confraternizar.
O Brasil é um país que olha cada vez com mais atenção para Portugal enquanto destino turístico, mas também enquanto produtor de bens de referência. Entre os agentes económicos que estiveram connosco nesta missão, foi notório o aumento da recetividade em relação aos nossos produtos.
Esta é uma “descoberta” recente, comprovada pelos números de procura turística e pelo investimento direto brasileiro em Portugal. Isto num mercado que tem tanto de importante como de desafiante: o Brasil é responsável por praticamente 1 milhão de dormidas anuais em Portugal, sendo que na região Centro de Portugal já ultrapassou as 250.000 dormidas.
Estes números comprovam essa mudança de paradigma. Durante muitos anos, Portugal não integrava o lote de destinos prováveis de viagem para os brasileiros, que preferiam países como os Estados Unidos, muito devido à influência cultural norte-americana. Portugal era um país desinteressante na perspetiva dos brasileiros. Contudo, atualmente percebemos que há uma mudança significativa e que o Brasil encara Portugal como uma opção prioritária.
Isso acontece não só pela facilidade da língua, mas essencialmente por dois motivos: a qualidade do produto que hoje oferecemos; e uma variável que nos posiciona entre os melhores destinos do mundo. Refiro-me à segurança que sente quem visita Portugal ou quem escolhe o nosso país para viver e trabalhar. Portugal é, de facto, um dos países mais seguros do mundo e essa é uma mais-valia que não valorizamos o suficiente.
O balanço da ação não poderia ser mais positivo. Regressámos a Portugal com a convicção de que há enormes possibilidades para crescer no mercado do Brasil.
* Presidente da ARPT – Agência Regional de Promoção Turística Externa do Centro de Portugal e do Turismo Centro de Portugal. Artigo publicado originalmente no site Linktoleaders.
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