
Quando o sol se despede no horizonte, o mundo, como se conhece, ganha novas formas e sentidos. Cidades e paisagens naturais, outrora familiares à luz do dia, transformam-se em cenários inexplorados que aguardam pacientemente a descoberta. A noite herda, assim, um fascínio ancestral, pelas cores que a pintam, pelos sons, cheiros e texturas que a envolvem.
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Nos últimos anos, este fascínio parece ter vindo a expandir-se às várias geografias, acabando por impulsionar uma nova tendência no setor do turismo, o turismo noturno, também conhecido como “noctourism”.
O turismo noturno pressupõe atividades turísticas planeadas para ocorrer após o pôr do sol. No fundo, experiências que podem variar desde a observação de estrelas e passeios culturais, a eventos gastronômicos e visitas a pontos históricos iluminados. O objetivo é proporcionar uma nova forma de explorar os destinos, sem a pressão das multidões diurnas e sob o encanto único da noite.
Os visitantes têm escolhido destinos com baixa poluição luminosa e áreas afastadas dos grandes centros urbanos, com o intuito de testemunhar eventos celestes únicos e não só. Entre as atividades mais marcantes destaca-se a observação das auroras boreais, na Islândia, do céu estrelado no deserto de Atacama, da vida selvagem noturna na Zâmbia e do desfile noturno de pinguins na Austrália.
No entanto, este segmento não se limita apenas a ocorrer em regiões remotas. No coração das cidades é possível encontrar serviços destinados ao mesmo, como museus, mercados noturnos e passeios guiados. Taiwan, por exemplo, encontra-se repleta de mercados noturnos, contabilizam-se cerca de 100 em todo o país, abertos do fim da tarde até às primeiras horas da manhã ou até o nascer do sol.
Muitos especialistas associam o crescente interesse por esta tendência ao gradual aumento das temperaturas médias globais, especialmente nos meses de verão, quando as atividades diurnas são afetadas pelo calor extremo. Além disso, os fenómenos de overtourism têm incentivado os turistas a reorganizar os seus horários de visita para períodos de menor fluxo, de modo a disfrutar de momentos mais autênticos e tranquilos.
De acordo com um estudo da Booking.com sobre tendências turísticas para 2025, que envolveu 27.713 participantes, de 33 países distintos:
– 54% dos inquiridos afirmaram planear atividades noturnas para escapar ao calor diurno;
– 61% revelaram a intenção de reduzir o tempo passado sob a luz do sol.
A verdade é que este segmente oferece novas formas de explorar os destinos, mas também soma um leque variado de outros benefícios que impactam não só visitantes, mas também as comunidades locais. Desde logo, a possibilidade de disfrutar de serviços e atividades mais exclusivas e imersivas, longe da habitual agitação das horas diurnas. Além disso, ao alargar o horário convencional das atividades turísticas, os negócios dispõem de uma oportunidade para ampliar a sua atuação e margem de lucro.
Outro aspeto relevante é o impacto ambiental reduzido do segmento. Uma distribuição equilibrada dos fluxos turísticas, ao longo do dia e noite, permitirá minimizar a sobrelotação e desgaste das atrações histórico-naturais, além de reduzir o consumo de energia excessivo.
Por outro lado, os desafios não devem ser ignorados. A segurança é um dos fatores mais críticos, dado que a redução da iluminação pública, em alguns territórios, poderá representar um obstáculo à circulação. Sendo que muitas cidades necessitam de ajustes legislativos para prever e autorizar estas atividades.
Outro pilar essencial é a capacitação dos profissionais do setor que deverão ser formados para atender à procura crescente e às suas exigências, de modo a garantir um serviço de seguro, organizado e de qualidade, sobretudo.
O turismo noturno deve, assim, ser pensado e planeado, estrategicamente, numa lógica de equilíbrio entre experiência e responsabilidade, de modo a garantir que a procura não compromete a preservação dos recursos naturais e culturais disponíveis, bem como a segurança de visitantes e residentes.
Conheça, ainda, outras 10 tendências de turismo para o ano de 2025, estudadas pelo IPDT.
* Artigo originalmente publicado no site do IPDT.
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