O turismo criativo prende fomentar o potencial criativo e imaginário dos turistas, através de atividades práticas que exploram os saberes locais, recorrendo ao uso de aptidões individuais. Trata-se, sobretudo, de promover a velha máxima “learn by doing”.
Por IPDT – Turismo e Consultoria *
“Uma forma mais sustentável de turismo que proporciona uma experiência autêntica da cultura local através de workshops práticos e experiências criativas” – Raymond, 2007 (Conceito de turismo criativo).
Segundo a UNESCO (2006), o turismo criativo consiste em “viagens na procura da uma experiência autêntica, com aprendizagem participativa (…) e que fornecem uma conexão com aqueles que residem no local e criam um ambiente de cultura viva”.
Para Raymond (2007), é “o turismo que oferece aos visitantes a oportunidade de desenvolverem o seu potencial criativo através da participação ativa em cursos e experiências de aprendizagem, que são caraterísticas do destino de férias para onde são levados”.
Qual o potencial do turismo criativo?
O turismo é hoje um setor estratégico para o desenvolvimento de muitas regiões. Fruto das necessidades atuais dos consumidores – que são muito mais exigentes e informados – formas alternativas ao turismo de massas têm ganho importância crescente, sobretudo produtos e serviços de menor escala, mais personalizados e com especial atenção aos requisitos dos visitantes, como acontece com o turismo criativo. Nesta perspetiva, vale a pena considerar os benefícios que este segmento pode representar para as comunidades locais, entre os quais destacamos:
Valorização e preservação da cultura e património imaterial – Os saberes, costumes e tradições constituem a essência do turismo criativo, o que implica a sua gestão sustentada, de modo a ser possível incrementar a inovação, mas, também, promover a sua permanência e integridade ao longo do tempo.
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- Coesão social – As comunidades locais são uma peça-chave no sucesso das experiências, pois são os guardiões da cultura local. Ao terem oportunidade de aprender e recriar esses elementos culturais, os visitantes desenvolvem um sentimento de pertença e comunhão com o destino e as suas gentes.
- Desenvolvimento da economia local – O envolvimento da comunidade local viabiliza o estabelecimento de parcerias com fornecedores e produtores locais, bem como a criação de oportunidades de trabalho, aspetos potenciadores da riqueza e desenvolvimento locais.
- Diversificação da oferta – Criação de experiências e atividades complementares que captem novos turistas e mercados, integrando a oferta de forma harmoniosa e sustentável e contribuindo para uma melhor gestão territorial dos recursos financeiros.
Mitigação da sazonalidade e distribuição dos fluxos turísticos – A oferta complementar contribui para uma distribuição, temporal e espacial, mais equilibrada dos fluxos turísticos, uma vez que transfere uma percentagem da pressão turística existente nos lugares mais visitados, para locais com menor afluência e ao longo de todo o ano. - Crescer em valor – As experiências associadas ao turismo criativo visam corresponder e/ou superar as expectativas e os desejos individuais dos turistas, através de serviços de qualidade elevada e personalizáveis. A oferta deverá ser capaz de captar públicos que acrescentem valor aos destinos, a nível económico, social, ambiental e cultural.A quem se destina?
O turismo criativo destina-se a um nicho de mercado que procura atividades práticas e de autoexpressão, através do contacto com as artes e comunidades locais, não constituindo a questão monetária um entrave. O turista criativo:
- Possui valores baseados em princípios éticos, de autenticidade, de know-how, de formação permanente, experiências e tendências de “Do it Yourself”;
- Quer experimentar a cultura local, participando ativamente em atividades artísticas e criativas;
- Quer viver experiências em que se possa sentir “como um local”;
- Gasta uma parte substancial do seu orçamento na realização dessas experiências;
- Combina diferentes tipos de turismo durante a mesma viagem;
Tende a procurar integrar atividades criativas nas suas viagens de lazer e/ou negócios.
Boas práticas ao nível do Turismo Criativo
A Creative Tourism Network, organização fundada em 2010, apoia e promove destinos que apostem no turismo criativo para, por um lado, oferecer opções de experiências únicas e, por outro, criar uma cadeia de valor nos territórios.
A “Barcelona Creative Tourism” foi a primeira plataforma de turismo criativo do mundo, e a grande impulsionadora do lançamento da Creative Tourism Network. As atividades de turismo criativo mais comuns, promovidas na plataforma, estão relacionadas com gastronomia, vinho, fotografia, pintura, artes performativas, artesanato e design.
A cidade de Medellín, na Colômbia, é considerada uma das mais dinâmicas do mundo ao nível do turismo criativo, tendo sido premiada como “Best Strategy for Creative Tourism”, pela Creative Tourism Network. Em Medellín, os turistas encontram vários workshops e roteiros que promovem um melhor conhecimento sobre a tradição colombiana e o sobre espaços culturais e agrícolas da cidade.
Em Portugal, existem também alguns bons exemplos ao nível do turismo criativo, tais como:
» “Loulé Criativo” – um projeto que visa a valorização da identidade do território de Loulé, tendo como força motriz a criatividade e a inovação. O projeto apoia a formação e execução de atividades direcionadas aos artesãos e profissionais do setor criativo, tendo como sede o Espaço de Conhecimento, Ofícios e Artes (ECOA).
» Barcelos – A cidade possui um vasto legado de artes populares e artesanato, refletido em peças únicas de barro, bordado, tecelagem, madeira, ferro, couro, vime, ente outras. O Figurado de Barcelos – produto artesanal certificado – constitui atualmente uma das maiores produções artesanais do concelho. As figuras mais comuns são de cariz religioso e festivo, referentes à vida quotidiana, sendo o Galo de Barcelos um dos destaques. Enquanto Creative Friendly Destination (uma chancela da Creative Tourism Network), Barcelos possui:
– Oficinas de cerâmica, artesanato e pintura;
– Workshops de culinária, onde se recria a gastronomia local;
– Aulas de música e danças tradicionais;
– Experiências relacionadas com a produção e degustação de vinhos;
– Passeios criativos pela natureza;
– Eventos simbólicos e criativos: Batalha das Flores na Festa das Cruzes.
* Artigo originalmente publicado no blog do IPDT.
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