Dois homens começaram a ser julgados, esta terça-feira, no Tribunal de Aveiro, por agressões e ameaças para exigir dinheiro. Ambos remeteram-se ao silêncio. Um terceiro arguido, que estará no estrangeiro (São Tomé e Príncipe), ainda que notificado, faltou à audiência. Uma das vítimas é advogado com escritório na cidade.
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O trio responde por crimes de extorsão agravada na forma tentada, ofensas à integridade física e coação. O arguido ausente está acusado, ainda, de tráfico de estupefacientes, uma vez que tinha na sua posse 112 doses de cocaína.
Segundo a acusação do Ministério Público, os indivíduos, um empresário ligado a estabelecimentos de diversão noturna residente em Ílhavo e dois indivíduos conhecidos do primeiro, que trabalham como seguranças, abordaram os três ofendidos sabendo que tinham disponibilidade financeira na tentativa de, através de agressões e ameaças, neste caso não só aos próprios como a familiares, extorquir dinheiro.
Um dos queixosos é um advogado de Aveiro que foi atraído por alguém que lhe telefonara a pretexto de tratar do divórcio de uma pessoa que não podia sair de casa por dificuldades de mobilidade. No local do encontro, em fevereiro de 2022, numa residência da praia da Costa Nova, Ílhavo, foi abordado por indivíduos, que não conhecia, e agredido violentamente. Mais tarde, na sequência da investigação policial só reconheceu um dos suspeitos, o homem ausente no julgamento.
Ao longo dos meses seguintes, a vítima e a esposa foram ameaçados, por mensagens sms e mesmo chamadas telefónicas, para transferir dinheiro. Os autores chegaram a informar que teria de passar 400 euros por cada conta bancária que viesse a ser indicada.
Em tribunal, o advogado disse que viveu momentos de “horror” e ainda hoje tem “algum receio”, pelo que pediu para prestar declarações na ausência dos arguidos, o que foi aceite pelo tribunal.
Ao responder ao seu advogado, disse que viveu os dias de maior pânico com mensagens que relatavam as suas rotinas e pessoas próximas,indiciando que estivesse a ser seguido, o que obrigou mesmo a contratar um segurança. Uma das mensagens “mais impactantes” foi interpretada como autêntica ameaça de morte. A GNR, a quem se queixou logo no dia das agressões, também chegou a montar operações de vigilância durante a investigação.
As trocas de mensagens davam a entender que os suspeitos poderiam estar a cobrar dívidas por conta de um terceiro. O ofendido relatou que fez uma análise extensa da vida profissional e pessoal, de alguma situação que eventualmente motivasse a exigência, mas não encontrou qualquer justificação plausível. De resto, não chegou a ser exigido um valor concreto. “Só me disseram que já ia em 55”, lembrou.
Os outros dois casos julgados neste processo envolvem vendedores de automóveis, que os arguidos também agrediram e ameaçaram a exigir pagamentos. Um deles, abordado na praia da Vagueira, Vagos, foi deixado inconsciente. Esta vítima, comerciante, foi aliciado para a compra de uma viatura. Ao chegar ao local combinado por telefone, nem teve tempo de ver quem o agrediu. No início do julgamento também quis falar sem a presença dos arguidos, que reconheceu das “discotecas”, por “medo de represálias”. Depois da agressão, tanto o vendedor como o filho receberam mensagens ameaçadoras por sms para pagar uma pretensa dívida. Algo que ofendido não reconhece. “Isso é impossível existir”, declarou.
(em atualização)
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