A matéria-prima que está na base da economia contemporânea é o conhecimento. Por isso, é importante que as entidades que produzem conhecimento e as entidades que o colocam em ação mantenham relações de grande proximidade, para facilitar a transferência de tecnologia e de inovação.
Por Paulo Jorge Ferreira *
As instituições de Ensino Superior estão entre as mais importantes entidades produtoras de conhecimento e mantêm com o tecido empresarial uma relação de complementaridade que a todos interessa. As universidades produzem conhecimento a partir dos seus recursos; as empresas produzem recursos a partir do conhecimento. A complementaridade é clara.
O processo de aproximação não foi sempre fácil. As universidades e as empresas são organizações muito diferentes e com objetivos bem distintos. Mas, gradualmente, as vantagens da colaboração em complementaridade levaram à progressiva harmonização das realidades universitária e empresarial. Isso levou a que surgissem dinâmicas, oportunidades e ciclos de valorização mútua de que todos precisamos para encontrar novas soluções com impacto direto na sociedade.
A expressão “transferência de conhecimento” é muito usada para designar este processo, mas encerra limitações que com o tempo se tornaram óbvias. O conceito de “transferência” ainda sugere a existência de uma barreira através da qual se transfere. Mais ainda, pode sugerir que o movimento acontece num só sentido, cabendo a uma das entidades transferir e à outra receber.
Estas limitações têm de ser vencidas. Precisamos de processos integrados, que nasçam de uma construção conjunta. É a intensa e constante interação e colaboração que permite identificar oportunidades de inovação e chegar a um entendimento mútuo sobre formas de integrar o conhecimento.
O projeto Smart Green Homes desenvolvido em copromoção pela Bosch Termotecnologia e a Universidade de Aveiro é um bom exemplo de construção integrada de conhecimento e produtos. A combinação da experiência e conhecimento da Bosch Termotecnologia com a investigação da Universidade de Aveiro permitiu ir muito além da mera “transferência”. Envolveu mais de 200 investigadores, resultou em 21 patentes, perto de 150 publicações científicas e um número significativo de soluções inovadoras e eficientes para as casas do futuro – e de hoje.
Esta dimensão colaborativa e cúmplice na atividade de investigação e no desenvolvimento experimental favorece a criação e a apropriação do conhecimento, a competitividade e a resolução eficaz dos problemas complexos da sociedade. Estamos a aplicar o princípio da construção conjunta na formação também, com a Universidade Europeia ECIU. É tudo isto que “transferência de conhecimento” deveria significar.
Vale a pena considerar.
* Reitor da Universidade de Aveiro. Artigo publicado em www.ua.pt.
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