“Todos temos de aproveitar oportunidades a partir de obstáculos” – ministra da Agricultura

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Agrovouga 2019.

Após um interregno de sete anos, a Agrovouga regressou a Aveiro, esta quarta-feira, com a presença da ministra da Agricultura que, num dos seus primeiros atos públicos, deu conta das linhas de força do Governo para o setor nos próximos quatro anos, especialmente no que toca a medidas para enfrentar as alterações climáticas e os impactos na atividade leiteira.

“Sinto que há um encontro e sintonia feliz entre esta iniciativa e o caminho que defendemos, todos temos de fazer a diferença, aproveitar oportunidades que podem ser criadas a partir de obstáculos que não negamos, nomeadamente na pequena agricultura”, referiu Maria do Céu Albuquerque.

A governante manifestou-se convicta que “há espaço para o crescimento, para alavancar outras atividades associadas, como o turismo e a gastronomia, bem como a promoção da cultura e identidade, sem perder de vista os grandes objetivos de mais emprego e equilíbrio das contas externas”.

Em Aveiro, região tradicionalmente forte na produção leiteira, a ministra lembrou “o peso muito relevante” do setor em Portugal, representando 9 % da produção agrícola, com crescimento acima das atividades agrícolas, conseguido com menos recursos. Um setor “cada vez mais competitivo e com melhorias nos impactos ambientais”.

Para a ministra, que encerrou uma conferência sobre a eco sustentabilidade do setor leiteiro, o futuro passa por “mais competitividade, conciliando com os desafios ambientais com alicerces no conhecimento e inovação”.

Apontou como rumo “a bio economia circular, uma oportunidade identificada no programa do Governo, que tem terreno muito fértil para crescer e transformar problemas em desafios superados, num contexto marcado pelos efeitos inerentes às alterações climáticas”.

Uma “agricultura capaz de assegurar alimentação saudável e utilização sustentável dos recursos naturais, promovendo o sequestro de carbono, a biodiversidade e o maior equilíbrio do territorial”. Impõe-se, assim, como resumiu, uma “aposta contínua numa agricultura capaz de contribuir para a sustentabilidade económica, ambiental e social”.

O que passa por “maior eficiência, como princípio orientador da ação imediata” na produção de leite de pastagens e na circularidade e tratamento dos efluentes.

Aumento da área em modo biológico

Os objetivos em vista passam por promover “a valorização dos serviços e dos ecossistemas e a adequada gestão e conservação dos solos”, com aumento da área em modo biológico, aumento do teor da matéria orgânica dos solos, medidas para reter água e incentivar a agricultura “de precisão”, com uma gestão mais eficiente da água e uso de fertilizantes, assim como melhor aproveitamento do biogás ou de fontes de energia renováveis.

No tocante aos apoios à produção de leite, considerada “essencial”, a ministra, que falou à chegada com um grupo de produtores da região que a esperavam, lembrou os investimentos nas explorações agrícolas e agroindústria definidos no âmbito do PDR 2020, que está em 57 % de execução, agora em “posição de dianteira” entre parceiros europeias, encontrando-se comprometido em 90 % (atribuídos 50 milhões de euros, para 116 milhões de euros de investimento), bem os prémios às vaca leiteiras, que abrangem 151 mil animais (12,5 milhões de euros por ano).

“Iremos também defender uma Política Agrícola Comum no pós 2020 mais justa e inclusiva, que salvaguarda a manutenção da atividade produtiva, assegurando a resiliência das zonas mais rurais, que ncentive eficiência e inovação, que tenha como prioridade a conservação dos recursos naturais como resposta concertada para a mitigação das alterações climáticas”, garantiu a governante.

Certame pretende afirmar-se no plano nacional “como espaço complementar”

48 anos depois da edição de estreia, o histórico certame pretende assumir-se como “um espaço complementar a outras feiras de qualidade, que existem de norte a sul”, como disse o presidente da autarquia, Ribau Esteves na inauguração, ao final da tarde.

Aveiro aposta em “dar uma vida nova” à Agrovouga aberta a profissionais e cidadãos em geral, atendendo a que “o mundo mudou imenso” e é necessário “enfatizar a importância do produto final e da cadeia de valor até à comercialização, continuar o trabalho notável da gastronomia como fator diferenciador de Portugal como destino turístico e nas preocupações novas, da agricultura biológica, dos novos valores de sustentabilidade ambiental e bem estar animal” da atividade económica.

O edil considerou o ressurgimento da Agrovouga também como uma oportunidade de contribuir para “uma comunidade conhecedora e competente” numa altura em “que alguns sectores radicais procuram diabolizar a vaca” por questões “psico ideológicas ou outras, muitas vezes inconfessáveis”. Sectores que, criticou Ribau Esteves, “procuram mudar o equilíbrio do ecossistema como se não fosse tão importante a vaca nas pastagem no que acontece no território, cultivado e produtivo”, lembrando que a região tem feito trabalho “notável” na dinamização de raças, como é o caso da autóctone Marinhoa.

Projeto de defesa dos campos do Baixo Vouga está na fase das “últimas formalidades administrativas”

Na abertura da Agrovouga, o presidente da Câmara local, que também lidera a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) anunciar que o projeto de defesa dos campos do Baixo Vouga está na fase das “últimas formalidades administrativas”, apesar de enfrentar ainda dificuldades para passar a obra “devido ao radicalismo ambiental”.

Uma intervenção aguardada há 40 anos que ganhará forma com a ponte açude capaz de evitar inundações do Rio Vouba e o sistema primário para proteger o potencial agrícola da salinização pela ria de Aveiro, empreendimentos orçados em 24 milhões de euros, já com financiamento garantido.

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