Sustentabilidade hídrica: um compromisso com o futuro

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Açudes Agualva (Vasco Figueiras).

Dados divulgados recentemente pelo programa europeu Copernicus demonstram que 2023 foi o ano mais quente desde que há registos, com uma temperatura média global de 1,48ºC superior ao período pré-industrial.

Por António Cunha *

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São indicadores dramáticos e que nos devem alertar para a urgência de agir. Mas são ainda mais preocupantes por indicarem que estamos perante uma tendência que se pode agravar, uma vez que apontam para um risco real de ainda este ano se voltarem a atingir temperaturas globais recorde, pondo assim em causa o objetivo do acordo climático de Paris, que estabeleceu o limite de aumento da temperatura média mundial em 1,5ºC em relação ao nível pré-industrial.

As consequências das alterações climáticas fazem-se já sentir em diversos pontos do mundo e sectores de atividade, com o binómio de eventos climatéricos – extremos de humidade e seca – a tornarem-se cada vez mais frequentes e intensos. Por um lado, em algumas regiões irão intensificar-se as chuvas fortes e as inundações, assim como irá aumentar a velocidade a que os glaciares derretem, o que contribui para a subida do nível do mar e coloca em risco a qualidade da água dos aquíferos devido à intrusão de água salina. Paralelamente, em outras partes do globo, episódios de ondas de calor, de seca, de escassez de água e de incêndios florestais serão mais graves e recorrentes.

E se o risco climático tem efeitos diretos na gestão dos recursos hídricos, são inúmeros os efeitos negativos indiretos que tem na biodiversidade do planeta, nos ecossistemas, nas atividades económicas primárias e secundárias, e de forma geral nas populações.

Para fazer face a este problema, é imperativo que o mundo não só se adapte, mas também que estabeleça a sustentabilidade e a qualidade hídrica como prioridades.

Neste sentido, os investimentos deverão assentar numa mudança de visão, de um eixo de prevenção para um eixo de adaptação, o que passa naturalmente não só pela implementação de novas políticas, mas também pelo investimento na criação de soluções que aliem a tecnologia e a inovação. Só assim poderemos responder de forma eficaz aos desafios da gestão da água, um recurso imprescindível para a vida no planeta.

As empresas do setor deverão ser capazes de desenvolver uma oferta alinhada com uma mudança na prioridade de investimentos.

Enquanto empresa líder no setor privado das águas, a Aquapor está empenhada em fazer parte deste processo, disponibilizando já ferramentas, serviços e soluções que permitem tornar a gestão da água mais eficaz, eficiente e sustentável. Em concreto, através da digitalização de serviços, da aposta em processos de dessalinização, de tratamentos avançados de efluentes centralizados e descentralizados (recorrendo a soluções móveis), da reciclagem e recuperação de recursos, do desenvolvimento de sistemas para a incorporação e gestão eficientes das águas pluviais, entre outros.

A economia global das últimas décadas foi marcada pela reformulação do sistema financeiro, pela digitalização e pela transição energética. Mas, se queremos de facto combater o problema das alterações climáticas, é obrigatório e urgente o investimento na transição hídrica.

Porque a água não é um recurso inesgotável. Não podemos fechar os olhos a uma realidade que se impõe e temos de agir antes que seja tarde demais.

* CEO da Aquapor. Artigo publicado originalmente em Ambiente Magazine.

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