Serviço de Cirurgia do Hospital de Aveiro enfrenta falta de cirurgiões

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CHBV (Hospital de Aveiro).

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) considera extremamente preocupante e grave o problema da falta de cirurgiões no Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) e, tendo em conta o mais recente mapa de colocações de recém-especialistas que apenas contempla uma vaga (Aviso n.º 13200-E/2020), questionou já o Ministério da Saúde sobre esta e outras falhas graves.

“Estamos a enfrentar um problema muito grave face à escassez de médicos para a urgência de Aveiro e para a atividade assistencial normal do serviço”, assume o presidente da SRCOM.

Em carta enviada à titular da pasta da Saúde, Carlos Cortes elenca os problemas e os alertas que chegaram à Ordem dos Médicos, nos quais se destaca a escala incompleta de cirurgiões para fazer face ao Serviço de Urgência: “O Colégio de Especialidade de Cirurgia determinou que, para a população que serve este Centro Hospitalar são necessários 3 cirurgiões de dia e 3 de noite para a Urgência externa. Idealmente, deve existir também mais um médico Residente para dar apoio aos serviços de internamento. Ora, ultimamente, estão apenas escalados 2 cirurgiões, sem médico Residente, para fazer face a todo o hospital”, lê-se.

Na mesma missiva, o presidente da SRCOM relata problemas graves decorrentes da falta de espaço físico (5 salas para todas as especialidades cirúrgicas), instalações desadequadas e exíguas (52 camas de internamento, para uma população de referência de 380 mil habitantes) e falhas muito graves de material para o bloco operatório. Para além do Ministério da Saúde, idêntica carta foi remetida para a Administração Regional de Saúde do Centro, para o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga e Direção de Serviço de Cirurgia Geral do Centro Hospitalar do Baixo Vouga.

O diagnóstico é deveras preocupante e Carlos Cortes dá conta das mais recentes informações: “Neste momento, os 27 cirurgiões do serviço são insuficientes para dar uma resposta adequada à população do distrito e o problema terá tendência a agravar-se, uma que a média de idade é já bastante elevada. Seria necessário um reforço de mais 8 cirurgiões”, aponta.

Contesta: “Para o Centro Hospitalar do Baixo Vouga abriram apenas 14 vagas, uma das quais para cirurgia, quando sabemos que a Urgência de Aveiro é uma das mais carenciadas da região. O Ministério da Saúde está a ignorar as dificuldades deste hospital”. Acentua o alerta: “O Ministério da Saúde tem de travar este colapso, pois estamos a atingir um patamar em que a maioria dos médicos já não são obrigados a fazer serviço de urgência”. Em seu entender, “o Ministério da Saúde está a desprezar muitos hospitais da Região Centro e, ao não reforçar o CHBV, demonstra um desprezo inadmissível pelo distrito de Aveiro e um intolerável desconhecimento da realidade”.

Os números deste concurso são reveladores: Dos 911 médicos paras as áreas hospitalares, apenas 191 das vagas são para unidades desta região; dos 39 médicos de Saúde Pública, 8 vagas são atribuídas à região Centro.

E, no caso da preocupante escassez de médicos especialistas em Aveiro, o presidente da SRCOM assinala, ainda, as dificuldades prementes no CHBV na especialidade de Medicina Interna. “Não é admissível o que tem acontecido ao longo dos anos. Há um vazio que se começa a notar de forma incompreensível.”, critica. “É de louvar e enaltecer o esforço dos médicos perante estas condições”, assume.

Problemas que se estendem ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), acrescenta. “Olhamos para este mapa de vagas e verificamos que o CHUC está “incompreensivelmente a ser esvaziado: Apenas 21 por centro das vagas de recém-especialistas contemplam o CHUC.”.

Finaliza: “O Ministério da Saúde tem de travar este colapso, pois estamos a atingir um patamar em que a resposta à população está cada vez mais desajustada”. Para o presidente da SRCOM, de forma a suprir as necessidades de forma justa e equilibrada, “urge apostar na contratação de médicos para a Região, de forma a evitar o colapso do SNS: Há que defender, sem tréguas, o acesso em tempo útil e a humanização dos cuidados de saúde”.

Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos

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