Ser voluntária em tempo de pandemia: um testemunho na primeira pessoa

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Voluntários da UA.

Além de ajudar as pessoas idosas, nós voluntários, também temos a sorte de poder colaborar com outros enfermeiros e profissionais de saúde que são formidáveis pela forma, empenhada e heroica, como desempenham a sua profissão num contexto tão adverso e imprevisível como este.

Por Célia Maria Abreu de Freitas *

Uma experiência que, “apesar de árdua e de grande violência física e emocional, é também uma vivência enriquecedora de partilha de si mesmo com o outro numa perspetiva transformadora em toda a sua plenitude”. Palavras de Célia Freitas, professora de Enfermagem na ESSUA e voluntária no apoio a idosos no contexto da Covid-19.

O meu nome é Célia Freitas, sou docente na área de Enfermagem na Escola Superior de Saúde da UA (ESSUA) e, no contexto atual de pandemia por COVID19, disponibilizei-me, desde logo, como voluntária para ajudar os mais vulneráveis a ultrapassar esta crise sanitária.

Quis ser voluntária na luta contra o coronavírus porque considerei um ato de solidariedade enquanto cidadã comprometida com o ser humano, mas também, enquanto enfermeira na adaptação e resolução de cenários de emergência e catástrofe como é aquele em que vivemos atualmente.

Não posso deixar de referir outras dimensões da minha pessoa, como ser mãe e a importância dos valores humanitários na educação dos filhos, como também, a responsabilidade pela formação de futuros profissionais de saúde no enfrentamento e na assunção de desafios e riscos inerentes à sua missão no cuidar do outro.

Assim, esta minha missão de voluntariado está a decorrer numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) em Aveiro e apraz-me dizer que não estou sozinha. Estão comigo três estudantes finalistas do Curso de Licenciatura em Enfermagem que, da mesma forma, sentiram esse apelo, acreditando que juntos poderíamos fazer a diferença.

Diariamente, lá vamos nós com o nosso melhor sorriso e boa vontade prestar cuidados a pessoas idosas que já nos conhecem a voz e que também nos presenteiam com um olhar de esperança, apesar do medo e das saudades do que perderam tão rápida e incompreensivelmente.

Deixaram de receber a visita dos familiares, deixaram de poder estar em comunidade dentro e fora da instituição, deixaram de poder comunicar das formas que lhes eram mais fáceis e, com o tempo, perderão alguma da sua autonomia devido ao confinamento ao leito e ao espaço de um quarto.

Além de ajudar as pessoas idosas, nós voluntários, também temos a sorte de poder colaborar com outros enfermeiros e profissionais de saúde que são formidáveis pela forma, empenhada e heroica, como desempenham a sua profissão num contexto tão adverso e imprevisível como este.

Esta experiência, apesar de árdua e de grande violência física e emocional, é também uma vivência enriquecedora de partilha de si mesmo com o outro numa perspetiva transformadora em toda a sua plenitude.

Quero agradecer ao Exmo. Senhor Reitor da UA e ao Diretor da ESSUA, a sensibilidade para apoiar esta iniciativa advinda de uma vontade pessoal e profissional de responder a esta crise social.

Célia Maria Abreu de Freitas (professora da UA).

* Professora da área de Enfermagem na Escola Superior de Saúde da UA (ESSUA). Artigo publicado originalmente no site UA.pt.

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