Sempre a tempo de ter a coragem de pedir ajuda profissional

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Universidade de Aveiro (arquivo).
Natalim3

No papel de professora ou mãe de jovens que se confrontaram com as restrições/limitações que o contexto de pandemia impôs, especialmente numa altura em que estavam a iniciar o ensino secundário, o ensino superior ou a carreira profissional, sinto que todas as angústias, normalmente associadas a esta faixa etária, foram e perduram intensificadas.

Por Dora Pereira *

Angústias, como para os que estavam a iniciar…

…o ensino secundário, viram momentos tão ansiados (e para a qual se empenharam em organizar) como um baile ou viagem de finalistas inesperadamente cancelados, ou o começo de uma vida social livre do acompanhamento dos pais;

…o ensino superior, viram momentos tão ansiados como viver a praxe, ganharem mais autonomia ao viverem deslocados, conhecerem (fisicamente) os seus professores ou colegas;

…a carreira profissional, viram momentos tão ansiados como viver fisicamente um onboarding, a rotina de vestir um outfit formal, de conhecer e integrar-se na rotina diária de colegas mais experientes, ou mesmo de ao final de um longo dia de trabalho ter de um momento de descontração, bebendo um copo e compartilhando as descobertas e sentimentos com estes novos colegas ou com amigos de faculdade.

Outras mães, pais ou educadores vivem ou partilham este “sentir”?

Sentir que é intensificado pelas(os) nossas(os) filhas(os) /educandas(os) o(s)…

Receio de falhar,  sentimento de desigualdade entre géneros ou de injustiça, momentos de tristeza, de revolta, de euforia ou de alguma alegria.

Como agir? Relativizando, mostrando apoio, procurando ajuda? E se estes jovens se recusam a aceitar e a deixarem-se ajudar?

Eu, nestes tempos, vou encontrando apaziguamento em pequenas coisas, como nas palavras na letra de uma canção:

“Eu já fui assim

Tão focado em mim

Sem querer conselhos de ninguém

(…)

Olá solidão!” (Os Quatro e Meia, “Olá solidão”)

Ou nas palavras de um livro, tentando sossegar estes jovens com:

“Respeita a tristeza

É também assim que podes ser feliz” e não tenhas receio de…

…falhar,

…ser incompreendido,

…não ser indiferente,

…ser diferente,

… gostar da rotina,

…não crescer mesmo sendo adulto,

E, acima de tudo, lembra-te sempre que “Se gostares de ti ninguém mais terá o poder de te humilhar!” (Pedro Chagas Freitas, em “A Raridade das Coisas Banais”)

Ou em conversas com outras mães/pais/psicólogas(os)/colegas/amigas(os)/familiares – para mim SOPROS para as minhas angústias no caminho de educar e amar…

E se não chegar … estamos sempre a tempo de ter a coragem de pedir ajuda profissional!

* Professora Adjunta no ISCA-UA. Artigo publicado no site UA.pt.

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