No papel de professora ou mãe de jovens que se confrontaram com as restrições/limitações que o contexto de pandemia impôs, especialmente numa altura em que estavam a iniciar o ensino secundário, o ensino superior ou a carreira profissional, sinto que todas as angústias, normalmente associadas a esta faixa etária, foram e perduram intensificadas.
Por Dora Pereira *
Angústias, como para os que estavam a iniciar…
…o ensino secundário, viram momentos tão ansiados (e para a qual se empenharam em organizar) como um baile ou viagem de finalistas inesperadamente cancelados, ou o começo de uma vida social livre do acompanhamento dos pais;
…o ensino superior, viram momentos tão ansiados como viver a praxe, ganharem mais autonomia ao viverem deslocados, conhecerem (fisicamente) os seus professores ou colegas;
…a carreira profissional, viram momentos tão ansiados como viver fisicamente um onboarding, a rotina de vestir um outfit formal, de conhecer e integrar-se na rotina diária de colegas mais experientes, ou mesmo de ao final de um longo dia de trabalho ter de um momento de descontração, bebendo um copo e compartilhando as descobertas e sentimentos com estes novos colegas ou com amigos de faculdade.
Outras mães, pais ou educadores vivem ou partilham este “sentir”?
Sentir que é intensificado pelas(os) nossas(os) filhas(os) /educandas(os) o(s)…
Receio de falhar, sentimento de desigualdade entre géneros ou de injustiça, momentos de tristeza, de revolta, de euforia ou de alguma alegria.
Como agir? Relativizando, mostrando apoio, procurando ajuda? E se estes jovens se recusam a aceitar e a deixarem-se ajudar?
Eu, nestes tempos, vou encontrando apaziguamento em pequenas coisas, como nas palavras na letra de uma canção:
“Eu já fui assim
Tão focado em mim
Sem querer conselhos de ninguém
(…)
Olá solidão!” (Os Quatro e Meia, “Olá solidão”)
Ou nas palavras de um livro, tentando sossegar estes jovens com:
“Respeita a tristeza
É também assim que podes ser feliz” e não tenhas receio de…
…falhar,
…ser incompreendido,
…não ser indiferente,
…ser diferente,
… gostar da rotina,
…não crescer mesmo sendo adulto,
E, acima de tudo, lembra-te sempre que “Se gostares de ti ninguém mais terá o poder de te humilhar!” (Pedro Chagas Freitas, em “A Raridade das Coisas Banais”)
Ou em conversas com outras mães/pais/psicólogas(os)/colegas/amigas(os)/familiares – para mim SOPROS para as minhas angústias no caminho de educar e amar…
E se não chegar … estamos sempre a tempo de ter a coragem de pedir ajuda profissional!
* Professora Adjunta no ISCA-UA. Artigo publicado no site UA.pt.
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