“Se a Câmara tem resultados positivos, é possível fazer uma redução de impostos” – Miguel Gomes, candidato à Câmara de Aveiro (Iniciativa Liberal)

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Candidatos autárquicos da IL Aveiro (Miguel Gomes, cabeça de lista para a Câmara é o segundo da esquerda).

Miguel Gomes, empresário de 42 anos, coordenador local da Iniciativa Liberal, é o primeiro candidato deste partido à Câmara de Aveiro. Uma estreia apostada em aumentar os resultados alcançados pelos ‘liberais’ no concelho aquando das legislativas (504 votos que ajudaram a fazer história com a eleição do deputado João Cotrim de Figueiredo) e nas presidenciais (1159 votos da candidatura de Tiago Mayan Gonçalves, que foi apoiado pelo partido). As candidaturas locais (Câmara, Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia da Glória e Vera Cruz) pretendem “marcar a diferença” nas próximas eleições autárquicas em Aveiro

Pergunta – Como estão a encarar a estreia autárquica ?
Resposta – Lidero o Núcleo Territorial do Concelho de Aveiro desde junho do ano passado. Não fui o primeiro coordenador, mas Cristiano Santos, que está em Santa Maria da Feira, onde temos grande dinamismo.
Começámos no núcleo a trabalhar nas presidenciais apoiando o candidato Tiago Mayan. E agora estamos empenhados nas autárquicas. Nas legislativas estivemos organizados, o Cristiano Santos foi o nosso candidato pelo distrito.
A eleição do João Cotrim de Figueiredo
como deputado foi muito importante, tem feito um trabalho de grande mérito, a visibilidade. O acesso aos meios de comunicação social tem feito uma diferença enorme na nossa afirmação.

“Estamos a consolidar e a crescer.”

P – Ter um deputado trouxe mais dinâmica ?
R – Bastante. Contudo, não partimos do zero, mas de uma matriz liberal, que está implementada em vários países e uma ideologia que nos move. Estamos a consolidar e a crescer.
Eu nunca estive ligado a qualquer partido, nem me reconhecia em nenhum em particular. Em 2017, 18 comecei a ligar-me à Iniciativa Liberal.

P – Quem são os vossos apoiantes em termos de espectro político?
R – Costumamos dizer que não nos encaixamos nesse eixo que é delimitado entre equipa e direita. Apoiamos medidas que se identificam com os dois campos. Queremos um Estado, mas um bocadinho diferente daquele que temos agora.

P – As autárquicas são uma ‘prova de vida’ importante para a Iniciativa Liberal, isso causa nervosismo.
R – É mais um degrau a subir. É um desafio. Uma novidade para a maior parte de nós e estamos a aprender todos os dias que falamos com as pessoas. Vamos aos poucos, a subir.

P – São eleições diferentes agora, centradas em temas mais próximos das pessoas.
R – Sim, é estar no terreno e torna-se mais difícil de explicar o discurso liberal em contexto autárquico. Mas é possível e acreditamos. Vamos demonstrar isso.

Em Aveiro “falta alguma transparência e ao mesmo tempo menos burocracia”

P – O que é diferente ? O que seria uma autarquia liberal ?
R – É uma autarquia que prima sempre pela transparência, tenta desburocratizar ao máximo a vida dos seus cidadãos, simplificar ao máximo a vida dos seus munícipes, tem de estar sempre responsiva, dar-lhes as soluções que pretendem, em vez de ser um Estado dentro de outro Estado. Mais facilitadora. Não complicar quem quer criar um negócio, por exemplo. Permitir isso em dois, três passos. Dar oportunidade às pessoas que tenham visão de negócio.

P – Nos vossos debates, como é visto o trabalho da autarquia de Aveiro?
R – À luz dos nossos princípios ? Ainda está um bocadinho longe. Falta alguma transparência e ao mesmo tempo menos burocracia. Há o problema grande da carga fiscal que aplica, é excessiva, no máximo em quase todos os itens. Poderia ter conseguido o reequilíbrio financeiro mais cedo, já no ano passado. Não acreditamos, mesmo assim, que a coligação atualmente na Câmara vá apresentar uma redução da carga fiscal. Queremos que isso aconteça, devolver rendimento aos munícipes para ajudar as pessoas, as famílias e as empresas a passar este período pandémico. Se a Câmara de Aveiro tem resultados positivos na tesouraria é possível fazer uma redução de impostos.

P – A autarquia revela-se capaz na sua gestão camarária, nas várias áreas de atividade ?
R – Achamos que é sempre possível melhorar. Na descentralização de competências que foi feita no ensino, por exemplo, é preciso reorganizar o parque escolar. Também no que toca à saúde. Tem de começar a ser prestado um melhor serviço aos cidadãos.

P – Nas freguesias é mais difícil para a Iniciativa Liberal nesta fase?
R – Queremos uma ligação a todas as freguesias do concelho, para crescer. Enquanto estrutura partidária, ainda não conseguimos ter candidaturas a freguesias para além da Glória e Vera Cruz.

P – Aveiro cresceu em termos demográficos. A autarquia acompanha bem esta dinâmica.
R- A Câmara tem de promover habitação para fixar as pessoas. Importante ter em conta os jovens que saem da Universidade, fixá-los em Aveiro, isso pode atrair empresas que procurem pessoas com conhecimento. A Câmara pode atuar pela redução da carga fiscal a ajudar os jovens a entrar no mercado de trabalho aqui e não a seguir outros rumos. E facilitar a vinda das empresas, por exemplo que sejam tecnológicas.

P – A dinâmica turística é positiva para a cidade, para as suas vivências muito próprias, por exemplo da Beira Mar ?
R – Vemos o turismo com bons olhos. É essencial para muitas empresas sobreviverem e fixar pessoas cá. Há uma dinâmica em torno do turismo que é interessante. Não vemos problemas grandes. É uma oportunidade para passar este período pandémico.

P – A zona antiga é muito fustigada pelo trânsito, as multidões nas noites, fluxos constantes de visitantes…
R – … E temos parques quase vazios a curta distância. Não vemos sinalização a orientar as pessoas para os parques de estacionamento. A Câmara devia começar por aí, aproveitar o que está abaixo da capacidade, em vez de começar a construir um parque que vai trazer mais veículos para aquela zona da cidade e que não resolve os problemas. É importante disponibilizar transporte público, bicicletas. Deve captar empresas que ajudem a fazer este trabalho.
Entendemos que a vida de Aveiro não deve estar só centralizada na Câmara. A Câmara deve promover condições para fixar estas empresas que tragam novos serviços, diferentes, que a autarquia não tem capacidade.

P – Quanto ao parque escolar.
R – A educação é sempre uma das ‘bandeiras’ da Iniciativa Liberal, a educação para todos e com condições, não fazendo distinção entre privados e públicos. Tem ver de haver oferta para todos.

P – Na abordagem aos cidadãos, que preocupações são colocadas, quais as queixas das pessoas ?
R – Ultimamente, tem a ver com as escolas, colocação de funcionários. Na saúde, a falta de médicos, recursos muito limitados. A dificuldade em aceder aos serviços públicos. Dificuldades na mobilidade urbana, pouca frequência de autocarros.

P – Justifica-se um maior investimento nos transportes.
R – Bipartido, entre autarquia e privados, é bem pensado, para otimizar ao máximo os recursos. Se puderem entrar novas empresas a oferecer serviços diferentes seria ótimo.

P – Os grandes investimentos na Cultura, no Festival dos Canais, na candidatura a Capital Europeia da Cultura, merecem concordância vossa.
R – Temos aqui várias questões. A Capital Europeia da Cultura deve ser acompanhada, não sabemos quanto foi gasto na promoção da candidatura, nem temos qualquer orçamento para o futuro. Estamos às cegas. Até lá vamos gastar bastante dinheiro sem certeza de retorno. Além disso, na cultura vemos outra coisa má, que é a centralização na Câmara. Tem o Festival dos Canais. Não vemos promotores locais. Não tem de estar tudo dependente da Câmara. O que está a impedir os promotores locais ? São dificuldades burocráticas ? O GreTua tem uma boa dinâmica, a trabalhar a partir da Universidade, mas também capta gente da cidade. Fazem falta mais promotores. Não chegam ao Teatro Aveirense nem às freguesias. Na Capital Europeia, Aveiro deveria ter uma candidatura em rede, intermunicipal, fazia toda a diferença. Não é assumido isso de forma vincada.

P – Aveiro tem estatuto de cidade capital da região. É importante defender isso.
R – Sim, mas deve procurar ter uma alma própria também. Cresce mais também se outras em seu redor crescerem a par. Mais próximos de Águeda, Vagos, Ílhavo, reforçar as ligações, isso cria um laço grande. Estar mais próximos, ser mais fácil fazer as deslocações, por exemplo.

Aveiro “às vezes parece ficar desligada” da Universidade

P – Como vê a relação com a Universidade ?
R – Às vezes parece ficar desligada, com um muro invisível. Reunimos com a Associação Académica da Universidade de Aveiro. Dizem isso. Procurámos algumas soluções para unir a cidade à Universidade. Isso passa pela partilha de espaços. Mas também por promover eventos comuns, envolvendo também outras associações locais. É preciso fazer crescer isto.

P – Concordam com o investimento que está a ser reclamado para o hospital?
R – É um hospital que precisa de crescer, pela abrangência territorial, com serviços de qualidade. Mas também envolver os privados da saúde, atrair mais investimento privado.

P – A aposta num jovem de 19 anos para liderar a lista à Assembleia Municipal é um sinal que querem dar ?
R – Um sinal de que temos interesse em fazer uma renovação importante. O Tomás Pereira (19 anos) é um jovem liberal, dinâmico, estudante de direito. Tem um caminho importante a fazer. Temos mais jovens para apresentar que podem fazer um bom trabalho.
A Assembleia Municipal está para escrutinar o trabalho da Câmara, queremos assumir também esse papel.
Na Assembleia de Freguesia da Glória e Vera Cruz com António Ferrari também procuramos contribuir para a renovação e mostrar outro tipo de participação para marcar a diferença.

P – Como vão fazer a vossa campanha ?
R – Dadas as circunstâncias, mas não só, trabalhamos muito nas redes sociais. É um meio diferente para chegar às pessoas. Acreditamos conseguir combater a abstenção desta forma, ao chegar a muitas pessoas habitualmente abstencionistas.

P – A vossa meta eleitoral passa por dar sequência aos resultados das legislativas e presidenciais ?
R – Gostávamos de eleger um vereador e ter dois, três eleitos na Assembleia Municipal, assim como na Assembleia de Freguesia.

P – Como vê estas eleições em Aveiro, divisões à direita, novos partidos…
R – Esperamos ir buscar as pessoas que se identificam como liberais. Tanto estão à direita como à esquerda, jovens. Temos bandeiras parecidas.
Tivemos uma votação importante nas presidenciais, mas a ambição é fixar esses e ainda aumentar os liberais. Quererá dizer que o nosso trabalho está a ser bem feito.

P – Uma mensagem final.
R – Queremos uma autarquia mais desburocratizada e mais transparente, no acesso à informação, é uma das nossas bandeiras, reuniões em formato aberto, as transcrições acessíveis, as decisões explicadas em local próprio, os contratos efetuados, para além do que é obrigatório. Demonstrar aos cidadãos para onde vai o seu dinheiro.

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