O primeiro de maio surgiu nos Estados Unidos no já longínquo ano de 1886, como consequência das greves realizadas no dia 1 em Chicago, onde uma forte carga policial reprimiu as manifestações que clamavam pela redução das horas de trabalho para 8, originando o massacre que ficou conhecido como o dos Mártires de Chicago.
Luís Souto *
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Como referi na minha intervenção de 25 de abril, se os sindicatos não estão hoje “na moda”, eles foram essenciais ao longo da História e à luta dos trabalhadores em Portugal, na Europa e no Mundo. A eles ficamos a dever um conjunto de direitos socio-laborais que hoje damos por adquiridos, mas que na verdade se encontram ameaçados pelas profundas e rápidas mudanças em curso na nossa economia e nas sociedades inevitavelmente globalizadas.
O trabalho, a sua remuneração, mas não só, deve ter condições dignas e estimulantes para o crescimento a que todo o trabalhador ambiciona, mas não podemos perder de vista que Portugal tem um problema estrutural de falta de produtividade (apenas 40% da média europeia) para o qual governo, gestores e trabalhadores em diálogo e concertação devem dar o seu contributo.
O emprego é fundamental para uma sociedade harmoniosa, o desemprego de uns será, por muito que possamos ignorar, o problema de todos, por isso a criação de postos de trabalho e a manutenção dos que forem viáveis é um objetivo cimeiro, sendo que a criação de riqueza, o estímulo ao investimento será sempre o grande motor da economia geradora de emprego, que se deseja cada vez mais qualificado.
Portugal tem que apostar num reforço da formação ao longo da vida- isto cabe às organizações do Estado e demais entidades do setor educativo e formativo, mas do lado do trabalhador este também deve passar a ter uma atitude mais proativa no reforço das suas qualificações e no aproveitamento das ofertas de formação, muitas delas sem custos.
Num tempo em que em Aveiro, como acontece um pouco pelo país, assiste a um fenómeno de crescente imigração, é bom lembrar que os portugueses foram anos a fio um povo de emigrantes trabalhando por vezes em condições muito duras em França, na Alemanha, na Suíça, na Venezuela, nos EUA e no Brasil entre outras paragens. Aí amealharam as suas poupanças e muitos regressaram vindo fortalecer a nossa economia.
É fácil ter um discurso anti-imigrantes, mas estes devem ser bem-vindos: desde que estes cumpram com regras, desde que respeitadores da nossa cultura, religiões e tradições, sem prejuízo de trazerem novas realidades que também devemos respeitar e com as quais também podemos aprender algo, desde que os trabalhadores imigrantes cumpram com as obrigações a que todos estão legalmente obrigados, Portugal e Aveiro em particular, é uma terra acolhedora, inclusiva e harmoniosa.
É bom lembrar que atravessamos uma fase em que e são os próprios empresários que o afirmam, há carências gritantes de mão de obra. Setores como a restauração, a hotelaria ou a construção civil colapsavam se iniciássemos um processo de exclusão. O 1 de maio também é destes trabalhadores que concorrem para a economia nacional – aliás será bom lembrar que o chamado superavit das contas públicas foi conseguido sobretudo pelo aumento das receitas da segurança social com o crescimento de descontos pela entrada de mais trabalhadores no sistema.
O 1º de maio é dia de festa, mas também de reflexão para toda a sociedade sobre as realidades do trabalho na atualidade e mesmo sobre a perspetivação do futuro. Um feliz dia do Trabalhador!
* Presidente da Assembleia Municipal de Aveiro.
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