Ao terceiro debate, o presidente da Câmara de Aveiro não vacilou na pretensão de instalar uma cave para estacionamento ´à boleia´ da transformação do jardim do Rossio em praça urbana.
Depois de duas assembleias municipais em que o tema esteve em foco – uma com intervenções do público e a segunda reservada aos deputados -, a mais recente discussão, esta terça-feira à noite, foi animada pelo Agrupamento Aberto de Associações de Aveiro – A4, de que fazem parte os Juntos pelo Rossio, a Plataforma Cidades, a Ciclaveiro, A Corda e a Associação Comercial de Aveiro. Todas, excepto os comerciantes, com tomadas de posição claramente desfavoráveis relativamente não só a ações concretas, como à forma como a autarquia tem gerido o processo.
Perante uma plateia, na sua maioria adversa, e até impaciente, que praticamente esgotou os 200 lugares do auditório da Escola Profissional, Ribau Esteves manteve-se irredutível, embora, reafirmando que existem condições por satisfazer, dependentes de estudos a concluir até setembro, para tirar conclusões sobre a viabilidade técnica e financeira da obra mais controversa, neste último aspeto colocando como limite de custos aceitável para uma possível concessão cinco milhões de euros.
“Vim mais para ouvir do que falar, tomei nota de tudo”, referiu o edil no período em que pôde responder às questões dos cidadãos presentes que intervieram no período de debate (muitas outras, posteriores, ficaram sem réplica). Quase todos incidiram as críticas no parque subterrâneo, enquanto os restantes, que não abordaram diretamente a peça mais polémica do plano em fase de estudo prévio, deixaram notas de protesto pela falta de discussão pública, desconhecimento das propostas ´em cima da mesa´, mas também questões sobre as opções tomadas e o impacto da obra na vivência local. Em socorro do presidente e do estacionamento enterrado não se ouviu ninguém.
“Em setembro, todos os estudos vão estar terminados para analisar a ´ideia base´ e lançar a primeira versão do estudo prévio”, informou Ribau Esteves.
“Todos achamos algo, mas as nossas impressões têm de ser objetivas”, pediu, adiantando que vão surgir “alguns números” relativos ao tráfego automóvel que considera “surpreendentes”.
O presidente esclareceu que ainda é cedo para tomar como certa a cobertura da praça em saibro, como foi referido pelo arquiteto vencedor do concurso de ideias. “A imagem tem cor de saibro, mas estamos muito longe de saber sequer qual o material”, explicou.
Para Ribau Esteves, a requalificação em vista procura um “equilíbrio de funções” do Rossio e da Beira Mar, enquanto zona habitacional, de alojamento local, comercial e turística, em busca “de boas soluções que não existem hoje”.
O autarca revelou que a primeira versão do estudo prévio será apresentada “com números”. Por exemplo, qual a área verde hoje, a prevista na ´ideia base´ e a que se pretende incluir a caminho da solução final.
Parques subaproveitados e localizações alternativas sem comentários
Se o estudo indicar que o parque subterrâneo não é viável, a Câmara terá sempre de criar uma bolsa à superfície “mínima que seja” em número de lugares a definir.
“Eu quero o bem do Rossio como qualquer outro de vocês, agora temos de ser concretos e objetivos”, vincou.
Em relação ´à ideia base´, Ribau Esteves pretende “aumentar a área dos peões” e já pôs em causa “a opção que indica de circulação em dois sentidos, em duas plataformas rodoviárias”, mas também a área verde “porque o Rossio tem capacidade para ter muito mais, mesmo não colocando o relvado em cima da placa de estacionamento”, assim como “ter mais árvores”. Um conjunto de ideias “já transpostas para a primeira versão do estudo prévio, em que se fará a ponderação de todas as ideias e dos estudos técnicos”.
Do que o presidente não se pronunciou, apesar de várias pessoas questionarem, foi sobre a existência de estacionamentos na cidade subaproveitados a curta distância do Rossio, como o da Praça Marquês de Pombal, e por que não foram avaliadas localizações alternativas.