Um cidadão de nacionalidade romena negou hoje o envolvimento em crimes de tráfico de pessoas, sequestro e extorsão de que terá sido vítima um compatriota.
O arguido de 40 anos, atualmente detido, começou a ser julgado em Aveiro, esta manhã, no âmbito de um processo que teve desfecho parcial, em dezembro de 2014, no que diz respeito a dois outros acusados, irmãos, condenados a penas de seis anos e meio e sete anos de prisão.
O tribunal não conseguiu localizar, na altura, três outros arguidos, extraindo certidões para julgamentos em separado.
O arguido que agora foi possível levar a responder na justiça afirmou-se inocente da acusação de explorar um compatriota que teria sido aliciado a vir para Portugal a troco de trabalho com bom rendimento. O homem acabou por ser privado da documentação pessoal e colocado a arrumar carros durante um ano no parque junto ao hospital e universidade, sendo obrigado a entregar o dinheiro angariado.
“São mentiras, coisas inventadas. Não fizemos promessas para o trazer para Portugal. Ninguém era dono do estacionamento, quem chegasse primeiro é que ficava lá. Não é verdade que foi obrigado. O dinheiro que fazia era todo para ele”, declarou o homem acusado, seguindo a argumentação dos dois arguidos já condenados em tribunal.
O arguido negou, igualmente, agressões, nomeadamente uma situação ocorrida com recurso a chave inglesa e pontapés que levaram a vítima a perder os sentidos e a ser levada para receber assistência hospitalar em Coimbra.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), pelo menos desde maio de 2012 que os arguidos angariavam pessoas de nacionalidade romena para trabalharem em Portugal, mediante a promessa de uma elevada remuneração e de habitação. No entanto, quando chegavam ao país, eram forçadas a à mendicidade ou a arrumar carros e a entregar o dinheiro.
A denúncia da vítima na origem do processo foi apresentada a inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) em junho de 2013 durante uma fiscalização no parque de estacionamento. Buscas posteriores levaram a identificar 19 cidadãos romenos, entre os quais três acusados. Diversos documentos de identificação de possíveis vítimas estavam guardados num cofre.