Ribau ameaça não debater com o PS na Câmara

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O presidente da Câmara de Aveiro ameaçou não voltar a debater com o PS se os eleitos do partido “recorrerem sistematicamente à mentira”, retirando “utilidade” às discussões.

Ribau Esteves, que falava na reunião do executivo extraordinária destinada a votar o plano e orçamento para 2019, insurgiu-se com “a falta de seriedade e demagogia” das críticas apontadas pelos socialistas à gestão da maioria de direita, acusando a oposição de “abastardar a verdade”.

Manuel Oliveira de Sousa, vereador do PS, retratou Aveiro como “uma cidade abandonada” com vários espaços públicos que são “mau cartaz para quem chega”, notando atrasos em algumas apostas recorrentes de planos anteriores, como a requalificação de zonas industriais. “Que apareçam, para que haja maior atratividade”, apelou, apontando falhas também nas freguesias.

[Comunicado: PS questiona se GOP são plano de intenções para um futuro a médio-prazo ou um compromisso para 2019?]

O eleito socialista criticou ainda a falta de “estratégias” que leva a Câmara a gerir de forma “desgarrada” na cultura ou no desporto e a persistir em não dar maior empenho “em sair do défice excessivo”, o que poderia resolver muitos problemas.

Manuel Oliveira de Sousa disse que Aveiro “não vê materializadas as grandes lideranças na resolução dos problemas dos cidadãos” e “é um município um bocadinho à deriva”.

E deixou exemplos: “Sem Plano Diretor Municipal, mas prometemos obras e equipamentos avulsos; sem Carta Educativa, mas andamos a investir nas escolas, sem plano para a cultura, mas somos candidatos à Capital Europeia da Cultura; sem plano de transportes para a mobilidade, mas concessionamos, prometemos autocarros, ferrys elétricos e bicicletas de segunda geração; sem site, mas somos uma cidade inteligente e 5G; somos um município com baixa autoestima, deduzimos nós das Grandes Opções, por isso é necessário a promoção da imagem”, ironizou, criticando ainda a Câmara “pelas megalomanias” do Rossio e “deixar os aveirenses à espera” de serem ouvidos e, entre outros reparos, manter taxas e impostos “no máximo”.

Objetivos das GOP são para cumprir completamente

Na resposta, Ribau Esteves lembrou que existem “objetivos políticos” que foram aparecendo em sucessívos orçamentos, porque a Câmara esteve limitada a serviços essenciais para a recuperação financeira.

“Aveiro tem PDM em vigor, algum município deixa de fazer obra a rever o PDM? Temos Carta Educativa, é pésssimo, mas temos, algum munícipio deixa de fazer obra no parque escolar, como o nosso que está atrasadíssimo? Isto é levar a abordagem política para um nível que os aveirenses não merecem”, acrescentou o edil.

Ribau Esteves fez notar que existem dificuldades para contratar bens e serviços com “procedimentos para atrasar a despesa e conter o défice”, bem como problemas com empreiteiros que ainda sofrem os efeitos da crise. Além de concursos ‘desertos’ e prorrogações de prazos, em Aveiro assiste-se também a empresas a falir. “Estamos a viver numa obra bem importante algo de bem desagradável, a falência de dois empreiteiros”, explicou numa referência ao caso das rotundas de Cacia junto à Navigator (Portucel).

“Os transportes funcionam bem”, os espaços do cidadão nas freguesias vão abrir, garantiu ainda o autarca para quem “falar de cidade abandonada é de quem não vive aqui e não vê a reabilitação na parte antiga ou na Avenida Lourenço Peixinho”. Sobre o campus da justiça, pediu ao PS “para dar uma ajudinha” junto do Governo.

Ribau Esteves remeteu ainda para a responsabilidade governamental não desbloquear a ligação Aveiro-Águeda, que terá financiamento no âmbito da Comunidade Intermunicipal. Nas freguesias, justificou a demora no restauro do centro cultural de Aradas devido a problemas com o arquiteto.

Rejeitou, igualmente, a crítica da falta de estratégia remetendo para “os documentos da revisão do PDM, somados a outros”.

[Comunicado: Maior parte da verba das GOP 2019 é execução de obras financiadas, parcerias com as Juntas e as Associações, serviços públicos essenciais, Cultura e Turismo]

A proposta das Grandes Opções do Plano (GOP), que atingem cerca de 100 milhões de euros, e o pacote fiscal acabaram por ser aprovados com os votos contra do PS. Segue-se o debate na Assembleia Municipal.

Os socialistas garantem que existem outros caminhos que não os propostos pela maioria para “puxar pelo essencial, que é ter mais qualidade de vida”.

Para o líder da edilidade, a oposição não demonstrou “opções que estariam erradas, ou em que estavam contra, mas a grande preocupação é se conseguimos executar” concluindo trata-se de “um bom plano” com “objetivos para concretizar completamente”.

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