Ria de Aveiro: Inundações são mais frequentes e atingem mais território

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Lugar da Marinha, Ovar (Foto Rui Miguel).

Investigadores do Departamento de Física Universidade de Aveiro (UA) elaboraram mapas que simulam a extensão de inundações e da profundidade de cheias na zona da Ria de Aveiro com identificação das zonas em risco, nomeadamente áreas e populações afectadas. São apontados diversos cenários, desde os que existem na atualidade, mas também prevendo efeitos das alterações climáticas, como a subida do nível médio do mar, para diferentes condições de maré e caudal fluvial.

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Os resultados do trabalho desenvolvido no âmbito do projeto ‘InundaRia’, que foi financiado pelo Programa de Assistência Técnica 2030 (PAT2030), serão apresentados, esta terça-feira, numa conferência.

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A investigação produziu também mapas de impacto de medidas estruturais na diminuição das cheias e proteção de campos agrícolas, como a construção de molhes, defesas do cordão dunar em zonas frágeis, a obra de conclusão do dique do Baixo Vouga Lagunar e outas intervenções.

A simulação feita serviu “para tentar perceber a eficiência ou não da proteção de territórios em risco, ficando disponíveis em formato papel e digital para decisores e entidades utilizarem no seu planeamento”, explicou numa entrevista dada a NotíciasdeAveiro.pt o coordenador do projeto João Miguel Dias, investigador do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar / Departamento de Física, que há muito estuda a problemática em causa.

O conhecimento acumulado tem servido de ‘matéria prima’ para criar os modelos numéricos que, como refere João Miguel Dias, permitem fazer “análise rigorosa e detalhada da dinâmica das inundações e avaliar a eficiência de medidas estruturais, visando a redução das inundações”, bem como “previsões” consideradas “fidedignas e indispensáveis para acautelar o impacto das alterações climáticas”.

O “panorama” dos últimos anos na zona da Ria de Aveiro é de “aumento da amplitude das marés”, fenómeno que em situações de praia mar excepcional provoca ‘marés vivas’, causando inundações de origem marinha em várias zonas. Quando em simultâneo com eventos extremos (ventos fortes vindos do mar, variação de pressão atmosférica, precipitação intensa e prolongada), promove alagamentos que podem ser acentuados e de maior risco para pessoas e bens. Quando chove muito e durante mais tempo, surgem igualmente inundações de origem fluvial, afetando terrenos marginais em zonas diferentes da Ria, junto dos seus canais e do Baixo Vouga, que estão a tornar-se “mais frequentes”, atingindo “mais território do que no passado”.

Discurso direto

“Efetivamente há um aumento de amplitude da maré nas últimas décadas, mas o contributo da embocadura, das obras da barra, é muito residual face ao contributo das dragagens no final da década de 90 e mais recentemente no âmbito da Polis. Apesar de haver a ideia que todos os males da Ria são das obras do portos, não partilhamos dessa opinião. Os estudos indicam resultados diferentes. O efeito tem variação menor quando comparamos com a alteração geomorfológica dos restantes canais da Ria” – João Miguel Dias (ver declarações abaixo)

“Temos de ter consciência que o clima está em mudança, vamos estar mais sujeitos a eventos extremos. Situações como aconteceu em Valência podem acontecer. São inundações em água doce, que passam. Os terrenos voltar a estar preparados. Na Ria, as intrusões de origem marinha, com salinidade associada, colocam riscos de forma permanente” – João Miguel Dias (ver declarações abaixo)

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