Restauração / Hotelaria: Patronato aproveitou-se da crise sanitária

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O patronato do setor aproveitou-se da crise sanitária para retirar prémios, subsídios de transporte e outras retribuições auferidas pelos trabalhadores mensalmente há muitos anos.

Por Afonso Figueiredo *

Neste momento de regresso à normalidade, esta acção será para efectuar o rescaldo, perceber o efeito nefasto da pandemia na vida das empresas, sobretudo no que se refere aos postos de trabalho e direitos laborais.

Os assuntos que pretendemos rastrear, são os que neste período pelas queixas que nos chegaram, despertaram ainda mais a necessidade de desencadear a luta contra o aumento oportunista da exploração dos trabalhadores, por parte de muitos dos patrões do sector.

Passamos a descrever:

As associações patronais do sector não deram aumentos salariais em 2020 e não aceitam encetar negociações, por não ter havido aumentos nas tabelas salariais estes anos seguidos, mais de 80% dos trabalhadores dos hotéis, restaurantes, cafés, pastelarias e similares foram apanhados pelo aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN). Milhares de trabalhadores têm os salários congelados há vários anos e muitos tiveram apenas aumentos de 5 ou 10 euros por força da atualização do SMN em janeiro de 2021 para os 665 euros.

O patronato continua a desculpar-se com a crise sanitária para não dar aumentos salariais, mas na verdade os únicos prejudicados foram e são os trabalhadores e não os patrões.

Muitas empresas mantêm os seus estabelecimentos encerrados para continuarem e beneficiar dos apoios do Estado.

Há grupos económicos que continuam com a maioria dos estabelecimentos encerrados e a empurrar os trabalhadores e clientes para as poucas unidades hoteleiras abertas. Ainda há muitos trabalhadores em casa.

Os trabalhadores estão cansados de estar em casa e de serem penalizados nos salários, prémios e subsídio de refeição. Por isso, exigimos a reabertura de todos os estabelecimentos e serviços e a ocupação efetiva dos postos de trabalho.

O patronato do setor aproveitou-se da crise sanitária para retirar prémios, subsídios de transporte e outras retribuições auferidas pelos trabalhadores mensalmente há muitos anos. Além disso, impôs bancos de horas, licenças sem vencimento e férias forçadas em período de confinamento e recolhimento obrigatório no domicílio, alguns utilizaram as medidas que permitiam lay-off de redução de horário e colocaram os trabalhadores a trabalhar a jornada de 40h.

Agora, com a reabertura das empresas, exigimos a reposição de todos os direitos e o pagamento das diferenças salariais perdidas pelos trabalhadores. Exigimos também o gozo das férias no quadro legal e a anulação dos bancos de horas.

A direção do sindicato, vai com estas acções, desenvolver por todos os Distritos da região Centro, nas principais Cidades do Litoral e do Interior um apelo à unidade dos trabalhadores e à sua mobilização na luta por melhores salários, na defesa dos direitos e por uma vida melhor.

* Membro da direcção do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro.

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