Rememorar os dias felizes

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Foto Revista Montanhas Mágicas.

Quando pensávamos que o vírus nos daria tréguas e que poderíamos começar a recuperar algum sentido de normalidade, eis que uma guerra se inicia em direto, televisionada, acompanhada ao segundo por um mundo que sustém a respiração. E então, imagens que pensámos não voltar a ver, surgem debaixo dos nossos olhos. Há lições que o mundo parece não aprender!

Por João Carlos Pinho *

Por isso, este editorial, escrito neste contexto, reveste-se de um caráter particularmente difícil. Especialmente porque esta edição se dedica a rememorar os dias felizes que, apesar de tudo, aconteceram nos meses de verão e outono.

A capacidade de reinvenção dos CLDS coordenados pela ADRIMAG não esmoreceu, não se deixou vencer pelo prolongar da pandemia. Ao contrário, saiu reforçada.

Se já havia planos B, no momento de planear atividades e de definir rumos, agora há planos C e D e E. Todos os que forem necessários, para que cheguemos às pessoas. Aos lugares. Por mais recônditos que sejam. O isolamento não é uma fatalidade, uma inevitabilidade, nos territórios onde existem CLDS. Eis uma conclusão, das muitas conclusões, a extrair da ação continuada destes programas. Há um antes e um depois. Noção que também perpassa nas entrevistas que fizemos aos diretores dos Centros Distritais da Segurança Social de Aveiro e Viseu, Fernando Mendonça e Márcia Martins e a quem manifestamos a nossa gratidão, pela pronta disponibilidade e pela generosidade que imprimiram aos seus testemunhos. Para a ADRIMAG, enquanto entidade coordenadora de seis CLDS, distribuídos por seis concelhos das Montanhas Mágicas, é um desafio e um orgulho podermos ser um traço de união.

Para memória futura, as visitas aos idosos das aldeias mais isoladas de cada um dos nossos concelhos de abrangência. As atividades pensadas ao detalhe para ver os olhos das crianças a brilhar e a pedirem para voltar, na hora de ir embora. A música e o cinema e a alegria que conseguimos levar a sítios onde há muito não se ouviam risos e conversas à solta. O património imaterial. As histórias de vida. O respeito pelos rostos marcados pelo tempo, pelas mãos marcadas pelo trabalho. Os guardiões da(s) memória(s) dos nossos territórios. É o futuro a escrever-se, página a página.

Uma das prioridades, num território tão abençoado pela Natureza: a questão ambiental. Que, no caso da ADRIMAG, não é uma abstração, uma preocupação discursiva ou de circunstância. Muito concreto, o declinar do trabalho desenvolvido junto das populações e em parceria constante com as autoridades competentes. Também esse dado permanente, Nas páginas seguintes, uma cronologia ainda atravessada pela pandemia mas, revestida de esperança e de vontade de futuro. Há palavras que nunca devem deixar de fazer parte do nosso glossário interior e coletivo. Especialmente em tempos sombrios como os que atravessamos.

Muito especialmente nesses tempos sombrios. Haja esperança! Haja futuro!
Até breve!

* Presidente da ADRIMAG – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras do Montemuro, Arada e Gralheira. Editorial da revista online Montanhas Mágicas Magazine, Nº 19.

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