As redes sociais tornaram-se omnipresentes na vida moderna, moldando a forma como comunicamos, trabalhamos e socializamos. Contudo, os impactos negativos do seu uso excessivo, especialmente entre jovens, são cada vez mais evidentes e preocupantes.
Por Diogo Fernandes Sousa *
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A decisão recente da Austrália de proibir o uso de redes sociais por menores de 16 anos, impondo às plataformas a obrigação de criar mecanismos para impedir o acesso, é uma medida necessária. Apoio essa decisão e defendo que, entre os próprios 16 e os 18 anos, o acesso às redes sociais também deva estar condicionado ao consentimento expresso dos pais.
Estudos científicos demonstram que a exposição prolongada às redes sociais pode prejudicar o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças. A comparação constante com imagens idealizadas de outras pessoas, frequentemente manipuladas, está associada a problemas de ansiedade e depressão entre os jovens.
Adicionalmente, as redes sociais alimentam o vício pelo “scroll infinito” e a validação através de gostos e comentários, que reforçam padrões de comportamento pouco saudáveis. Para adolescentes, que ainda estão em fases cruciais de desenvolvimento, os impactos destas dinâmicas são amplificados e podem ter consequências duradouras.
A proibição do acesso às redes sociais por menores de 16 anos não é uma tentativa de limitar as suas liberdades, mas sim uma medida de proteção. Tal como existem restrições de idade para o consumo de álcool ou a condução de veículos, o acesso às redes sociais deve ser regulado para garantir que as crianças são protegidas de conteúdos inadequados, cyberbullying e exposição a estratégias de manipulação comercial.
Trata-se de criar um ambiente mais seguro para o seu crescimento, permitindo que desenvolvam competências sociais reais em vez de ficarem imersos em mundos virtuais que distorcem a realidade e provocam ansiedade.
Entre os 16 e os 18 anos, defendo que o acesso às redes sociais também deva estar sujeito a condições específicas, como o consentimento expresso dos pais. Nesta faixa etária, os adolescentes já possuem maior maturidade, mas continuam a necessitar de orientação para navegar nos desafios que as redes sociais apresentam. Os pais, enquanto responsáveis legais, devem ter uma palavra a dizer sobre a exposição dos seus filhos a estas plataformas, promovendo uma utilização mais consciente e controlada.
A aplicação desta política, contudo, exige um compromisso sério por parte das empresas que gerem as redes sociais. É essencial que estas plataformas implementem mecanismos eficazes para verificar legitimamente a idade dos utilizadores, para além das atuais práticas, que são facilmente contornáveis.
A imposição de multas significativas, como estipulado pela nova legislação australiana, é uma forma eficaz de garantir que estas empresas cumprem a sua responsabilidade. Afinal, plataformas como Instagram, Facebook e TikTok lucram com o aumento dos seus utilizadores, pelo que é justo serem responsabilizadas pela segurança destes, especialmente quando se trata de crianças e, se considerarem um pedido demasiado impactante, possuem sempre a possibilidade de encerrar atividade para todos os utilizadores de determinado país.
É importante reconhecer que estas medidas não resolvem todos os problemas associados às redes sociais, mas constituem um passo na proteção dos jovens. Cabe também às famílias, escolas e governos promoverem a educação digital, ensinando os jovens a utilizar estas ferramentas de forma responsável e equilibrada.
Em conclusão, a decisão da Austrália de proibir o uso de redes sociais por menores de 16 anos é um exemplo de regulação responsável. Proteger as crianças do impacto negativo das redes sociais não é uma questão de controlo, mas de cuidado e responsabilidade coletiva.
Ao estabelecer restrições e exigir maior responsabilidade das próprias plataformas, damos um passo importante para criar um ambiente mais saudável para o desenvolvimento das futuras gerações. O bem-estar das crianças deve ser sempre uma prioridade da sociedade.
* Escritor do Livro “Rumo da Nação: Reflexões sobre a Portugalidade”. Professor do Instituto Politécnico Jean Piaget do Norte.
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