Face ao aumento do número de casos de gripe detetados nos últimos dias em algumas zonas do país, incluindo a região centro, e tendo em conta as questões suscitadas, o Departamento de Saúde Pública da ARS Centro presta o seguinte esclarecimento.
A gripe é uma infeção provocada pelos vírus influenza. A associação entre o tempo frio e a doença, levaram a que, historicamente, estes vírus assim tenham sido designados. Por sua vez, o termo gripe, deriva do francês gripper que significa agarrar. No hemisfério norte a gripe ocorre na estação fria, pelo que se chama sazonal.
A capacidade de transmissão destes vírus é tal que provoca epidemias universais. Quando um vírus proveniente do reservatório natural (aves selvagens) infeta pessoas pela primeira vez, a doença é potencialmente mais grave, ocorre tipicamente fora da época sazonal e designa-se pandémica, ao invés de se designar sazonal.
Assim aconteceu nas gripes pandémicas de 1918 (gripe espanhola), de 1957 (gripe asiática), de 1968 (gripe de Hong Kong), de 1977 (gripe russa) e de 2009.
Habitualmente a gripe pandémica adquire o nome da região em que a doença foi detetada pela primeira vez, à exceção da pandemia de 1918 que adquiriu o nome de gripe espanhola, por ter sido noticiada em primeira mão pela imprensa deste país e a de 2009, que adquiriu o nome do ano de ocorrência.
A partir do momento em que o vírus pandémico se adapta à espécie humana, passa a manifestar-se na época sazonal e a designar-se sazonal. Assim acontece com o vírus da gripe pandémica de 2009, que apesar de designado, A(H1N1)pdm09, é desde então mais um vírus sazonal que tem ocorrido regularmente nas épocas gripais e que não provoca doença mais grave.
Existem três tipos de vírus influenza, adaptados à espécie humana: influenza A, B e C. Os vírus influenza do tipo A, sob a forma de diferentes subtipos, foram os responsáveis pelas pandemias de gripe até agora observadas e são os mais frequentemente responsáveis pelas epidemias sazonais. Os vírus de tipo B também podem provocar doença, habitualmente menos grave, e os vírus de tipo C não têm importância clínica.
Podemos então dizer que gravidade potencial da doença está diretamente relacionada com a natureza pandémica do vírus e não com o tipo A, apesar deste ser o mais importante em termos clínicos.
A classificação e alerta pela identificação de um novo vírus pandémico é feita pela OMS, pelo que, na sua ausência, as pessoas não devem preocupar-se com a designação de gripe A. A gripe A não é mais do que a habitual gripe sazonal que todos conhecemos.
A gripe transmite-se maioritariamente por via aérea, através das gotículas de saliva e por contato direto com os produtos da tosse e dos espirros ou das mãos e superfícies contaminadas. Atinge de forma tendencialmente mais grave os grupos etários extremos da vida, crianças e maiores de 65 anos, especialmente os que vivem em instituições.
Os sintomas habituais são a febre, mal-estar, dores musculares, dores de cabeça e tosse seca, sintomas que são comuns a outras doenças infeciosas, pelo que o diagnóstico é laboratorial. As formas mais graves de manifestação são as pneumonias e o agravamento das doenças crónicas.
As formas mais eficazes de prevenção são a etiqueta respiratória (proteção dos espirros e da tosse com máscara, lenços ou antebraço) distanciamento interpessoal e evitação de aglomerações de pessoas.
A vacinação é a medida farmacológica de eleição, cuja maior ou menor eficácia depende, contudo, do grau de concordância das estirpes circulantes com as estirpes contidas nas vacinas, que são produzidas a partir dos vírus que circularam na época gripal anterior.
O SNS administrou gratuitamente, na região centro, mais de 420.000 vacinas, na atual época gripal, maioritariamente na população com 65 ou mais anos.
Finalmente informa-se que o INSA divulga semanalmente, no seu site, o Boletim de Vigilância da Gripe, no qual é descrita detalhadamente a atividade gripal e de outras infeções respiratórias.
Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC)
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