Recursos Humanos no Turismo: Captação e retenção de talento

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Turismo, Aveiro.

O setor do Turismo é uma das indústrias mais dinâmicas e cruciais para a economia em Portugal. Contudo, a sustentabilidade do setor depende, em grande medida, de um recurso essencial: o talento humano. A sua complexidade e exigência requerem uma gestão estratégica que não apenas capte, mas também atraia em permanência profissionais qualificados, quer quando estão fora das organizações, quer quando já estão connosco, assegurando o crescimento sustentável do setor. Não temos que reter, temos que alimentar a paixão inicial, procurando que as pessoas se sintam felizes, por forma a que considerem que fizeram o “casamento” correto.

Por Jaime Morais Sarmento *

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O Turismo encontra-se num cenário de transformação constante, impulsionado por avanços tecnológicos, mudanças nas expectativas dos consumidores e uma competição global intensa. A pandemia COVID-19 reforçou uma dinâmica no setor, que já dava sinais anteriormente, evidenciando questões como a segurança no trabalho, a flexibilidade laboral e o bem-estar dos colaboradores. Muitos profissionais migraram para outras indústrias durante este período, evidenciando a necessidade de estratégias eficazes para recuperar e reconquistar estes talentos.

Para atrair profissionais, é fundamental que as organizações reposicionem o Turismo como um setor atrativo com oportunidades de crescimento pessoal e profissional. A colaboração com escolas de Hotelaria e Turismo e universidades é essencial para identificar e formar futuros talentos. As parcerias académicas e os programas de estágio oferecem experiências práticas que preparam jovens profissionais para ingressar no mercado de trabalho com confiança e competência.

O desenvolvimento contínuo dos indivíduos, é outro pilar indispensável. Investir em programas de capacitação que desenvolvam competências permite que os colaboradores não apenas respondam às exigências do mercado, mas também que superem as expectativas das empresas, obrigando-as a também excederem as expectativas das pessoas.

A utilização de ferramentas como plataformas online e inteligência artificial no recrutamento, podem otimizar a seleção de candidatos alinhados à cultura organizacional e às necessidades específicas de cada posição. No entanto, nunca se deve colocar de lado o contacto humano nestes processos, que desempenha o papel chave para a atracção do talento, pois é este que desenvolve a paixão.

Uma vez captados, os talentos necessitam de incentivos que reforcem o seu compromisso com a organização. É fundamental que as empresas desenvolvam uma proposta de valor com valores bem definidos, assim como um ambiente de trabalho inclusivo e motivador. Salários competitivos são importantes, mas não são suficientes. Benefícios como planos de saúde, oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento, programas de bem-estar e confiança individual exercem um papel importante para a felicidade das pessoas.

A flexibilidade também desempenha um papel crucial. O setor do Turismo é conhecido pela pouca flexibilidade em termos de horários. No entanto, iniciativas que promovam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, como a possibilidade de horários flexíveis, podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos colaboradores.

A saúde mental também deve ser uma prioridade e medidas como programas de apoio psicológico e a criação de um ambiente de trabalho inclusivo e empático aumentam a satisfação e o compromisso dos colaboradores.

Outro fator determinante para a atracção de talento é a existência de um plano de carreira estruturado. A falta de perspectivas de crescimento é uma das principais causas de insatisfação no setor. Por isso, é essencial que as organizações ofereçam caminhos claros para o desenvolvimento profissional e reconheçam os contributos individuais dos seus colaboradores.

O futuro dos recursos humanos no Turismo passa também pela adoção de uma gestão mais humanizada e inclusiva. Líderes empáticos que promovam relações autênticas entre todos, que desempenhem um papel central na construção de um ambiente de trabalho saudável, transparente e feliz. A diversidade e a inclusão também devem ser pilares fundamentais, refletindo a multiculturalidade inerente ao turismo.

Concluindo, as empresas que colocarem o capital humano no centro das suas estratégias garantirão a sustentabilidade das suas operações e contribuirão para elevar os padrões da indústria. O Turismo é, em última análise, um setor feito de pessoas para pessoas, e são elas que possuem a chave para o seu sucesso.

* Vice-presidente Sénior de Recursos Humanos da Highgate Portugal. Artigo publicado originalmente no site Publituris.pt.

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