Nas últimas épocas venatórias, o Núcleo Regional de Aveiro da Quercus tem registado um aumento do número de denúncias e queixas sobre a prática da caça nas zonas de caça municipais da Pateira de Fermentelos e do Vale do Cértima, nomeadamente o abate de espécies não cinegéticas, a recolha de ovos de espécies protegidas, o desrespeito pelas distâncias de proteção dos povoados e das estradas, a invasão de terrenos ocupados com culturas agrícolas, a não recolha de cartuchos vazios após a sua utilização e o abandono de cães de caça.
Apesar do esforço de sensibilização para o cumprimento das regras e da legislação que regulamenta o exercício da caça, alguns caçadores insistem em não respeitar a lei.
Na sexta-feira, dia 6, o Governo prolongou o estado de alerta até terça-feira, dia 10, devido ao risco de incêndio, determinando a proibição do acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, previamente definidos nos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios, bem como nos caminhos florestais e caminhos rurais. No entanto, na área da Pateira de Fermentelos, a caça chegou mesmo a iniciar-se durante a madrugada de domingo e prolongou-se até ao anoitecer. Apesar da elevação do grau de prontidão e resposta operacional por parte das autoridades, que se deslocaram à área numa operação de fiscalização e patrulhamento, diversos caçadores optaram por incorrer num crime de desobediência.
A Quercus Aveiro considera que estas situações não dignificam a imagem do caçador e dos Clubes de Caça e exige, por isso, uma ponderação séria sobre a prática da caça na área da Pateira de Fermentelos e do Vale do Cértima, dado que põe em causa a preservação da biodiversidade, a permanência da Pateira na rede de Zonas Húmidas de Importância Internacional Ramsar e a promoção do turismo de natureza, enquanto produto turístico estratégico.
Direção do Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza