Quercus critica falta de incentivos para reflorestação alternativa

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Vigilância florestal no Caramulo.

As medidas impostas pela lei para a limpeza da floresta “não estão a ser cumpridas”, registando-se, “particularmente, o aumento da execução de faixas de gestão de combustível junto de caminhos e a diminuição das áreas ocupadas pelo eucalipto.”

Denúncia apresentada pelo Núcleo Regional de Aveiro da Quercus na sequência das ações de vigilância noturna realizadas recentemente “em pontos considerados importantes para a conservação da natureza no Caramulo”.

A ação iniciou-se na passada quinta-feira, dia 22, e prolongou-se durante 24 horas, envolvendo voluntários do ‘Projeto Cabeço Santo’, que está envolvido em trabalhos de reflorestação em zonas serranas do concelho de Águeda.

Os participantes tomaram parte em percursos apeados e outros com recurso a veículos todo o terreno “para detetar comportamentos de risco ou criminosos numa zona crítica, com elevado potencial de perigo de incêndio.”

A Quercus lembra que este tipo de iniciativas de vigilância da floresta “reveste-se de grande importância pela sua função dissuasora e pela maior facilidade em detectar os fogos nascentes, permitindo aumentar a rapidez da primeira intervenção.”

“Dadas as situações de risco existentes na região, a vigilância contra fogos florestais deve constituir uma prioridade imediata de proprietários, associações de produtores florestais, proteção civil, autarquias, instituições públicas e forças de segurança”, apela a associação ambientalista através do seu núcleo regional de Aveiro.

No decorrer das ações, os colaboradores da Quercus depararam-se “com uma série de obstáculos e situações de risco, nomeadamente a acumulação de ramada de eucalipto junto de caminhos e o incumprimento das distâncias entre as plantações e as vias de acesso.”

Prevenção e a fiscalização continuam a ser” insuficientes”

No comunicado, lamenta “que a prevenção e a fiscalização continuem a ser insuficientes, e que a negligência e inação dos proprietários e das entidades públicas agravem as condições que facilitam a propagação dos fogos.”

Em outubro de 2017, a comissão técnica independente que estudou os incêndios na região Centro propôs a criação de um programa que promovesse uma floresta à base de carvalhos, castanheiros e outras folhosas, bem como um programa específico que compensasse a perda de rendimento por alguns anos com a opção de espécies de crescimento lento.

“No entanto, o cenário no Caramulo é desolador. Onde existia eucalipto continua a haver eucalipto. Onde existia algum pinheiro-bravo há agora eucalipto. Nenhuma das recomendações da comissão avançou”, constata a Quercus, criticando a falta de incentivos para que os proprietários possam optar por outros tipos de floresta, “menos rentáveis numa perspetiva de curto prazo, mas que a médio e longo prazo poderão ser ainda mais rentáveis do que as atuais alternativas.”

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