O assunto além de delicado é também complicado. Todos os anos este cenário se repete, parece que não se aprende nada. Na época do Verão, ou com a gripe sazonal, pelo Natal, passagem do Ano, festejos do Carnaval e ainda na altura da Páscoa a quebra de dadores de sangue nos locais de colheitas é mais do que evidente.
Por Joaquim Carlos *
O que acontece então? Surgem os apelos à dádiva de sangue com algum dramatismo à mistura, passando a ideia que doentes podem correr perigo de vida no caso de faltar sangue ou componentes sanguíneos, se isso acontecer a culpa é dos dadores.
«Há momentos em que os hospitais ficam com as reservas de sangue reduzidas. Muitas vidas poderão ficar em perigo por falta de sangue para transfusões. E afinal é tão simples dar uma pequena ajuda para que nada disso aconteça. Se você der, se todos derem, não haverá falta de sangue», esta mensagem foi difundida há uns anos através dum folheto do então IPS.
Perante um texto desta natureza, as pessoas ficavam alarmadas, podendo sentir-se comprometidas no caso de não aderirem à dádiva de sangue, com a imagem duma criança entubada num hospital qualquer a apelar ao sentimento de compaixão dos leitores.
A Associação de Dadores de Sangue do Concelho de Aveiro (ADASCA), única do género existente neste Concelho, que este ano completa 14 anos, nunca cancelou uma sessão de colheitas, como também nunca virou a cara ao CST de Coimbra, ao contrário deste, cujos factos e resultados falam por si.
A propósito do tema, foi enviado pela primeira vez à referida associação pelo o CST de Coimbra o texto que a seguir se transcreve:
– “Na necessidade de apresentarmos o maior equilíbrio possível no pool de grupos sanguíneos existentes nos Bancos de Sangue disponíveis para satisfazer todos os doentes que dele necessitam, seja qual for o seu grupo sanguíneo, temos nesta altura do ano a necessidade de aumentar esse pool, nomeadamente, para os grupos sanguíneo O- e A- (negativos) e O+ e A+ (positivos).
Como têm conhecimento dos grupos sanguíneos dos dadores que habitualmente integram as vossas sessões de colheita de sangue, apelo à vossa colaboração e solidariedade no sentido de os tentarem contactar para, se reunirem as condições necessárias e suficientes para doarem o seu sangue e o fazerem nos próximos dias.
Como sei que o espírito de entreajuda é uma “marca” da vossa Associação Humanitária estou certa que iremos em conjunto “melhorar,” os stock dos grupos sanguíneos, acima referenciados para ajudar os doentes que mais precisam do nosso apoio”, subscreve Maria Helena Gonçalves, Assistente Graduada Sénior de Imuno-hemoterapia.
Conclusão, a ADASCA há dois anos que suspende as sessões de colheitas nos últimos 15 dias do mês de Agosto, afim de proporcionar algum descanso aos elementos da direcção. Não é um luxo, sim uma necessidade psicofísica.
Decorrido este período de tempo, as sessões de colheitas regressam à normalidade, a saber: todas as 4ª.s e 6ª.s feiras entre as 15 horas e as 19:30 horas, Posto Fixo, localizado no Mercado Municipal de Santiago, 1º., Rua de Ovar (Bairro Social de Santiago),Coordenadas GPS: N 40.62659, W -8.65133, Telefone 234 095 331, com encaminhamento de chamadas sem valor acrescentado.
* Presidente da Direcção da ADASCA.