“Que futuro querem os aveirenses para a Linha do Vouga?”

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Obras na Linha do Vouga (Aveiro Norte, foto MCLV).
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Os resultados destas legislativas são claros: portugueses, e aveirenses em particular, querem que seja a direita a decidir o futuro da Linha do Vouga. A nível distrital, a Aliança Democrática (AD) teve uma vitória clara, com mais de 31 mil votos do que o seu principal oponente, o Partido Socialista (PS).

Pelo Movimento Cívico Pela Linha do Vouga (MCLV)

Analisando os resultados de todos os concelhos atravessados pela Linha do Vouga, a AD venceu na maioria, perdendo apenas para o concelho de São João da Madeira, de onde é natural o líder do PS, Pedro Nuno Santos. Em Espinho, local de residência do seu líder, Luís Montenegro, a AD obteve uma vitória tangencial para o PS, com uma diferença de apenas 47 votos.

O que podem significar estes resultados para o futuro da Linha do Vouga? Estes resultados são extremamente preocupantes para a concretização das permissas e da visão que o MCLV tem para a Linha do Vouga e poderão, por isso, traduzir-se num forte revés para a nossa luta. Enquanto que nós defendemos a preservação da via estreita no nosso país, através da execução da modernização da Linha do Vouga mantendo a bitola métrica (numa visão praticamente alinhada com o Plano Ferroviário Nacional apresentado pelo governo socialista), é sabido que a Aliança Democrática tem uma visão totalmente oposta da nossa.

Embora o programa eleitoral da AD não seja explícito, nem faça qualquer referência à Linha do Vouga, é para nós totalmente claro, sobretudo através de declarações proferidas em campanha por alguns dos seus candidatos a deputados, agora eleitos, de que a sua ambição passa pela modernização desta via férrea com alteração para bitola ibérica, prevendo uma ligação direta à Linha do Norte, em Espinho.

O problema é que esta visão de modernização para a Linha do Vouga, como já aqui temos referido e debatido por diversas vezes, é de concretização praticamente impossível, quer pelas dificuldades técnicas inerentes à sua execução, quer pela incapacidade da Linha do Norte em receber mais comboios.

Convém salientar, ainda, de que esse projeto de modernização terá o triplo dos custos daquele que idealizamos e está vocacionado apenas para o troço de pouco mais de 30 quilómetros que serve os concelhos da parte sul da Área Metropolitana do Porto e que ligam Oliveira de Azeméis a Espinho.

Não tendo sido, até hoje, demonstrada de forma clara e objetiva a sua real intenção para os restantes 60 quilómetros da Linha do Vouga, que ligam Oliveira de Azeméis a Aveiro, temos de encarar, com uma forte possibilidade, de que a AD poderá vir a optar pelo seu encerramento em definitivo.

O MCLV nasceu precisamente numa época em que um governo de coligação PSD/CDS decretou o encerramento em definitivo da totalidade Linha do Vouga. Hoje, é praticamente certo de que esta coligação voltará a tomar as rédeas do país. Certo é, também, que estamos numa época em que já ninguém imagina o encerramento da Linha do Vouga, e como tal não iremos tolerar que lhe seja subtraído um único quilómetro. Deste modo, apelamos à sabedoria e ao bom senso dos futuros governantes para que não seja dado qualquer passo atrás na modernização da Linha do Vouga, e isso significa aprovar o PNF e o PNI2030 conforme estão escritos neste momento.

As pessoas não andam de bitola, andam de comboio. Mas para andarem de comboio, é preciso uma linha em que ele possa circular. Por isso, esperamos que se opte pela bitola que permita uma solução de modernização realista. Qualquer solução ilusória poderá terminar num metrobus, ou, na pior das hipóteses, numa ciclovia, e isso certamente não será o desejo de nenhum aveirense.