Um estudo divulgado em setembro por investigadores da Universidade do Porto, Universidade Aberta e ISCTE veio revelar que a taxa de emprego dos jovens com formação superior é significativamente mais elevada do que a dos jovens com formação básica ou secundária.
Por Paulo Jorge Ferreira *
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Segundo o relatório que integra o dossier Jovens, Oportunidades e Futuro, do Observatório Social da Fundação “la Caixa”, a diferença entre a taxa de emprego dos jovens com Ensino Básico ou com Ensino Secundário e os jovens licenciados aumentou mais de seis pontos percentuais ao longo dos últimos 20 anos. Estes números acompanham a tendência europeia.
É também nos níveis de escolaridade mais baixos que se sente uma maior diferença no acesso ao emprego entre homens e mulheres, com desvantagem para as mulheres. Esta desigualdade tende a desaparecer quase na totalidade para quem tem formação superior.
Estes resultados contradizem a ideia de que há “qualificação a mais” no mercado. A formação superior, para além de aumentar as oportunidades de emprego, desempenha um papel crucial na promoção da igualdade de género, permitindo a mais mulheres terem acesso ao mercado de trabalho em condições de maior paridade.
No entanto, ter um diploma não garante a integração automática e plena no mercado de trabalho. De acordo com um estudo da Fundação José Neves, publicado há um ano, cerca de um em cada quatro jovens licenciados em Portugal está a trabalhar em profissões que exigem habilitações inferiores. Em 2022, a taxa de sobrequalificação estava nos 22,4%.
De acordo com a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, o número de diplomados entre os 30 e 34 anos cresceu 20% na última década, com tendência crescente dos últimos anos. Em 2022, a proporção de jovens portugueses com Ensino Superior era superior à média europeia (42%). Temos a geração mais qualificada de sempre.
Mas o desafio deve ir mais além. Precisamos de um esforço concertado para criar mais e melhores oportunidades de emprego que correspondam às qualificações destes jovens. O futuro exige uma economia que absorva e potencie o talento que as instituições de ensino estão a formar. A solução não passa apenas por formar melhor; precisamos também de empregar melhor, incentivando crescimento económico que valorize o conhecimento, a ciência e a inovação.
Vale a pena pensar nisso.
* Reitor da Universidade de Aveiro. Artigo publicado originalmente no Jornal de Notícias partilhado via UA.pt.
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