Várias debilidades na atividade empreendedora teimam em persistir, em várias economias europeias, e também em Portugal.
Por Marlene Amorim, Marta Ferreira Dias e Mara Madaleno e pelos Bolseiros de Investigação Angélica Souza e Roberto Rivera *
Agir motivado pelas oportunidades e impulsionado por ideias, trabalhar em equipa e moldar o futuro para o bem comum, são fatores essenciais para viver e adaptar-se numa sociedade em constantes mudanças.
Para aproveitar os efeitos positivos das oportunidades é necessário pessoas, equipas e organizações com mentalidade empreendedora nas mais diversas áreas.
No contexto Europeu, a promoção do empreendedorismo tem assumido uma prioridade central nas agendas, sendo considerado como um dos elementos essenciais para alcançar um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.
Nos últimos anos temos assistido à implementação de diversas políticas de estímulo ao empreendedorismo, que têm sido estruturadas em três grandes domínios de ação.
Desde logo a qualificação e motivação dirigida ao cidadão individual, através de programas de educação para o empreendedorismo e de medidas de incentivo à atividade empreendedora.
Da mesma forma, temos observado a multiplicação de medidas de incentivo às empresas, nomeadamente às PME dado o seu peso na Economia Europeia.
Observam-se ainda outras medidas dirigidas a grupos específicos, cujo potencial se pretende valorizar, como por exemplo o empreendedorismo jovem ou o empreendedorismo no feminino.
Apesar destes esforços, várias debilidades na atividade empreendedora teimam em persistir, em várias economias europeias, e também em Portugal.
De acordo com os dados mais recentes do Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2019), Portugal aparece muito bem posicionado quanto à motivação para o empreendedorismo.
Neste contexto, 73% dos indivíduos inquiridos em Portugal declararam que o empreendedorismo é um percurso profissional atrativo, a par de valores acima dos 70% em contextos como a Holanda, a Polónia e o Chipre.
Porém, quando auscultada a perceção sobre a existência de oportunidades para o empreendedorismo, o cenário não é tão animador. As perceções dos Portugueses descem para níveis perto dos 50%, enquanto que, por exemplo, para a Polónia este valor situa-se nos 85%.
Neste contexto, a Comissão Europeia procura também aumentar o conhecimento acumulado sobre o empreendedorismo e trabalho autónomo e apoiar financeiramente ações, que se esperam vir a desencadear a criação de empregos, o desenvolvimento de competências associadas aos negócios e a inclusão de grupos vulneráveis. Com esta abordagem a UE pretende obter oportunidades de participação plena na sociedade e na economia.
A Comissão Europeia desenvolveu igualmente um quadro de referência para explicar o que se entende por uma mentalidade empreendedora. O framework EntreComp visa apoiar uma compreensão partilhada e abrangente do empreendedorismo como competência, identificando os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para agir de acordo com as oportunidades e ideias e transformá-las em valor social, cultural ou financeiro para todos. Esta ferramenta tem sido utilizada amplamente para o apoio à cidadania ativa, à inovação, à empregabilidade e aprendizagem por meio do pensamento e ações empreendedoras.
Desta forma, encontram-se fundamentadas as bases para uma compreensão integral de competências empresariais e de acesso igualitário, a fim de ser adaptado e direcionado ao apoio de competências, necessidades e objetivos que possam contribuir para a tomada de decisão.
É nesta linha que a Universidade de Aveiro continua a apostar no estímulo às competências empreendedoras de jovens e adultos, através da investigação, do ensino, mas também na organização de eventos que fomentam a relação academia-tecido empresarial.
* Equipa de investigação REMSI, Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo (DEGEIT) da Universidade de Aveiro (UA). Artigo completo em https://www.ua.pt/pt/noticias/13/65008.