O Cine-teatro Avenida, na cidade de Aveiro, está a ser reativado como espaço cultural. O Avenida Café-Concerto, retomando uma experiência anterior, marcou o arranque do projeto que irá devolver vida também ao emblemático auditório de 400 lugares. Hugo Pereira, é um dos promotores desta aposta.
Já se pode fazer um primeiro balanço da abertura? Qual foi a recetividade?
Apesar do curto espaço de tempo desde a abertura até agora, a realidade é que está tudo dentro do previsto. Desde o início que o público nos mostrou uma enorme receptividade ao projecto, seja por saudosismo, seja porque percebem o potencial cultural que este projecto tem, e o que pode trazer à cidade.
É um espaço icónico que esteve muitos anos fechado, por ventura espelho do que esta cidade atravessou culturalmente. Acho que esse deserto levou a que a público esteja mais atento, e até sedento, do que a cidade pode oferecer em cultura.
Que apostas e destaques têm programadas para esta fase ainda de arranque?
Apesar de ainda não estar divulgada, a realidade é que a agenda para o que resta de 2018 está já fechada (ou faltam limar muito poucas arestas). Em termos de nomes, e que podemos já falar nisso, temos os Boogarins e o Rafinha Bastos, dois nomes fortes da música e da comédia brasileira. Depois, como casa de cultura, queremos dar destaque àqueles que não têm a mesma oportunidade, e por isso trazer aqui companhias de teatro e de dança que não encontram com facilidade palcos para a sua arte. Em ambos os casos estão já programados eventos do género para o mês de Novembro. Outro destaque que queremos dar, é ao Festival de Bandas Imaginárias, que é o que o nome indica e é um projecto fantástico que queremos mostrar ao público. De mencionar também que o Avenida irá apresentar um programação regular, de quase 3 eventos por semana, mais DJs, e claro, as exposições que se renovarão todos os meses
Em que idealizam tornar o Avenida?
Naquilo tudo que foi descrito antes: uma casa de cultura, pluridisciplinar, onde há espaço para todos, e onde o público pode encontrar desde o rock mais pesado, à soul, jazz, poesia, comédia, dança, pintura, e praticamente todas as formas de arte. Para além disso, e no longo prazo, esperamos reunir as condições necessárias para tornar o Avenida um espaço não só de mostra, mas também de criação, através de residências artísticas que estamos já a planear.
Sentem que Aveiro tem massa crítica para um projeto destes?
Tem! Mesmo que essa massa esteja ainda adormecida, mas tem. Mas também é esse o trabalho dos promotores e dos agentes da cidade: voltar a tirar o público do sofá, e trazer para o desconforto de uma sala, ou jardim, ou esplanada, cheia de gente. Levar as pessoas ao sítio onde a arte acontece.
Como se vai diferenciar de outros como o Teatro Aveirense, Mercado Negro ou Gretua?
Não vai! Vai ser um complemento a todos eles, tal como todos eles serão um complemento ao que nós fazemos. Parte da equipa do Avenida Café-Concerto chega a este ponto já com muitos eventos nas costas. Através da Covil, há programação mensal feita no Teatro Aveirense; desde meio de 2017 somos os promotores do auditório da Associação Cultural Mercado Negro; GrETUA, Tago Mago e VIC, por exemplo, são outros agentes com quem colaboramos com muita regularidade, e se a cidade respira mais cultura por estes dias, é graças às sinergias que se criaram entre todas estas entidades. E para um trabalho bem feito em prol da cultura, o caminho precisa de continuar o mesmo, porque só trabalhando em conjunto pode uma cidade, por exemplo, querer ser Capital Europeia da Cultura. Óbvio que aqui há condições que não há noutros lados, bem como outros lados ainda têm mais condições do que nós. Mas daí o querermos complementar.
Vão desafiar os agentes culturais da cidade para eventos?
O Avenida tem sempre as portas abertas para discutir ideias e projectos, e tentar colocá-los na prática. Ainda sem podermos confirmar grande coisa, mas há vários contactos, alguns já em fase de detalhes finais, que abrem as portas aos promotores externos. E claro, já confirmados estão os Boogarins, numa dessas tais sinergias de que falámos antes.
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