Ribau Esteves não vê vantagens para o PSD que o sucessor de Rui Rio saia das personalidades que têm sido apontadas para assumir a presidência (José Moreira da Silva, Miguel Pinto Luz) ou daqueles que já disputaram o cargo (Luís Montenegro e Paulo Rangel). O antigo secretário-geral social democrata não esclarece se perspetiva ‘entrar na corrida’, assumindo, contudo, que estará muito empenhado no processo de renovação aberto necessariamente com a derrota nas legislativas.
Os nomes ‘na praça pública’ não motivam o autarca a cumprir o seu terceiro e último mandato na Câmara de Aveiro. “Claramente não. Se o PSD for ao armário dos seus nomes que andam nesta luta há muitos anos e tirar um deles não vai ter capacidade para ser essa força nova, para ter uma energia nova, para ter, em primeiro lugar um processo de renovação de si próprio, de fortalecimento da sua vida interna, voltar a ser um player político importante” afirmou o edil no seu espaço de opinião no Porto Canal, esta quinta-feira à noite.
“Se formos fazer mais do mesmo, buscar nomes que estão mais do que batidos, estragados, que andaram em disputas intestinas intensas, algumas delas completamente dispensáveis e negativas para a saúde do PSD, pois o PSD vai ter um problema grave”, vaticinou.
Nos próximos tempos, seria mais útil para o partido, no entendimento de Ribau Esteves, saber quais as propostas de ação dos pretendentes à liderança. “Antes dos nomes, é preciso sabermos com clareza o que cada um deles, os que quiserem assumir esse papel, querem para fazer na tal mudança. Hoje há uma palavra fundamental para o PSD, na sua mensagem política, na sua imagem, na sua comunicação, que é como lida com os vários públicos, como valoriza o poder local e regional, que é muito forte. Mas a verdade é que nas lógicas das lideranças, incluída a de Rui Rio, estes valores não tiveram uma utilização política de primeira linha. Por isso, não acredito que nenhum desses nomes ou qualquer um deles tenha condição para a liderança ou ter o projeto que o PSD precisa para a sua vida de dois dois próximos quatro anos”, referiu.
Questionado se estaria disponível para ‘entrar na corrida’, o presidente da Câmara aveirense não foi mais além do que garantir que pretende ter uma palavra a dizer no processo: “Eu não vou fazer comigo aquilo que não faço com os outros. Já sou parte, já participei em muitas discussões, são dias de muitas conversas. Quero ser mais parte desse processo, sou militante, tenho responsabilidades, sou conselheiro nacional, sou autarca. Estou muito interessado e muito disponível para este processo de relançamento de um partido que tem de se reinventar, restruturar para seguir em frente”.
Perante a insistência, o edil deixou a questão em aberto. “Não vou nesta fase da minha vida responder, eu estou disponível, empenhado e a trabalhar desde segunda-feira nesse projeto de mudança, num projeto novo para o PSD, forte, com energia, atrativo, apelativo e que use o poder e capital político que tem pelo seu país onde estão em primeira linha os autarcas que o partido tem, os deputados na Assembleia da República e os governantes nos Açores e Madeira”, acrescentou.
Discurso direto
“Eu próprio sou uma prova provada de um partido que, por exemplo, em Aveiro, lutou contra tudo o que tive contra mim, numa estrutura local sem pés nem cabeça, um bom exemplo do que é um partido que está com rotas completamente erradas em muitas das suas estruturas locais. O que eu vivi em Aveiro, viveu muita gente em muitos municípios do país. É aqui que o militante Ribau Esteves vai estar, nesse debate, nessa construção de um projeto novo de mudança para o PSD, obviamente nesse quadro seguramente chegaremos à discussão de quem é o líder, fazer essa discussão ao contrário, se é o A ou o B, não interessa.”
“Eu sei que para os jornalistas é uma conversa nada agradável, seria mais interessante dizer eu vou, aquele é mau, este bom, tipo Marcelo dou três a este, sete a outro. Mas se o que nós queremos é um PSD com futuro, forte, útil à democracia, que volte a ser alternativa de poder, não é por aí que levamos o PSD. Exige coragem de discutir uns com os outros e não é em congresso, no congresso não se discute nada como todos temos consciência, é nos encontros que estamos a ter uns com os outros para chegarmos ao fim deste processo. Até ao Verão, com atos formais, eleições diretas, o congresso. Cabe a Rui Rio um papel muito importante na fixação do calendário e como líder, que é sério e útil ao partido, ser parte deste processo de transição saudável, num partido que tem uma história fantástica, mas não é com a história levada ao futuro que vamos ter um PSD útil. Tem de ser modernização, voltar a ser atrativo, isso exige uma mudança profunda na sua vida interna”.
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