Promessas Recicladas: O Que (Não) Mudou em Aveiro num Ano de Governo

209
Assembleia da República (foto partilhada no Facebook da AR).

Faz agora um ano que, em campanha eleitoral, Aveiro foi brindado com um rol de promessas ambiciosas: a requalificação do Hospital, o fim das portagens na A25, a modernização da Linha do Vouga, a ligação ferroviária Aveiro–Viseu–Guarda–Salamanca, a cidade judicial, novos edifícios para PSP, GNR e Proteção Civil, a recuperação dos edifícios estatais devolutos. Um ano depois, tudo está exatamente no mesmo lugar: no vazio das intenções.

Por Francisco Albuquerque P

Pior do que não fazer, é fingir que se vai fazer. A poucas semanas das legislativas de 18 de maio, tudo indica que ambos voltarão a empacotar as promessas de 2024 e vendê-las como novas. Como se a população não tivesse memória. Como se o “Zé Povinho” pudesse ser facilmente convencido pela segunda vez.. Irónico, ou talvez não, é o facto de os dois principais candidatos a Primeiro-Ministro — o atual incumbente e o líder da oposição — concorrerem ambos pelo círculo de Aveiro. Mas isso, ao contrário do que se esperaria, não tem trazido benefícios ao distrito. Muito pelo contrário.

Está a ler um artigo sem acesso pago. Faça um donativo para ajudar a manter o jornal online NotíciasdeAveiro.pt gratuito.

Luís Montenegro regressa este domingo a Aveiro para lançar a candidatura de Luís Souto à Câmara Municipal. Virá, como sempre, bem rodeado pelos seus homens fortes e musculados da política autárquica. Mas a verdade é que, na saúde e não só, Montenegro tem preferido desinsuflar Aveiro para insuflar o norte do distrito e a região de Coimbra. O exemplo da saída de Ovar da ULS Baixo Vouga, para integrar a ULS de Santa Maria da Feira, é apenas um entre tantos. Aveiro vai sendo esvaziado, enquanto o poder central aplaude.

A ampliação do Hospital continua parada. Nada se sabe do segundo concurso para o seu projeto. A requalificação do edifício da Escola Homem Cristo não avança. A Linha do Vouga continua entregue ao diesel, à lentidão e à degradação. As forças de segurança permanecem em edifícios indignos. Os tribunais, idem. Os edifícios abandonados do Estado continuam a manchar a cidade: Estabelecimento de Ensino de Santa Joana, o antigo centro de saúde de São Bernardo, a antiga CGD. As portagens da A25 continuam onde estavam. E a ligação a Salamanca nem sequer entrou em estudo.

O mais recente documento da Câmara, enviado ao Governo em junho, enumera 38 dossiês por resolver. É um retrato de abandono. E mais: é um espelho da paralisia em que caiu a relação entre Aveiro e o poder central.
Em maio voltamos a votar. A pergunta impõe-se: terão os representantes políticos coragem para passar a fatura de tantas promessas esquecidas? Ou vai Aveiro continuar a ser palco de campanhas recicladas, em que se promete tudo, se faz nada — e o “Zé Povinho” continua a pagar?

* Gestor Industrial.

Siga o canal NotíciasdeAveiro.pt no WhatsApp.

Publicidade e serviços

» Pode ativar rapidamente campanhas promocionais no jornal online NotíciasdeAveiro.pt, assim como requisitar outros serviços. Consultar informação para incluir publicidade online.