
Faz agora um ano que, em campanha eleitoral, Aveiro foi brindado com um rol de promessas ambiciosas: a requalificação do Hospital, o fim das portagens na A25, a modernização da Linha do Vouga, a ligação ferroviária Aveiro–Viseu–Guarda–Salamanca, a cidade judicial, novos edifícios para PSP, GNR e Proteção Civil, a recuperação dos edifícios estatais devolutos. Um ano depois, tudo está exatamente no mesmo lugar: no vazio das intenções.
Por Francisco Albuquerque P
Pior do que não fazer, é fingir que se vai fazer. A poucas semanas das legislativas de 18 de maio, tudo indica que ambos voltarão a empacotar as promessas de 2024 e vendê-las como novas. Como se a população não tivesse memória. Como se o “Zé Povinho” pudesse ser facilmente convencido pela segunda vez.. Irónico, ou talvez não, é o facto de os dois principais candidatos a Primeiro-Ministro — o atual incumbente e o líder da oposição — concorrerem ambos pelo círculo de Aveiro. Mas isso, ao contrário do que se esperaria, não tem trazido benefícios ao distrito. Muito pelo contrário.
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Luís Montenegro regressa este domingo a Aveiro para lançar a candidatura de Luís Souto à Câmara Municipal. Virá, como sempre, bem rodeado pelos seus homens fortes e musculados da política autárquica. Mas a verdade é que, na saúde e não só, Montenegro tem preferido desinsuflar Aveiro para insuflar o norte do distrito e a região de Coimbra. O exemplo da saída de Ovar da ULS Baixo Vouga, para integrar a ULS de Santa Maria da Feira, é apenas um entre tantos. Aveiro vai sendo esvaziado, enquanto o poder central aplaude.
A ampliação do Hospital continua parada. Nada se sabe do segundo concurso para o seu projeto. A requalificação do edifício da Escola Homem Cristo não avança. A Linha do Vouga continua entregue ao diesel, à lentidão e à degradação. As forças de segurança permanecem em edifícios indignos. Os tribunais, idem. Os edifícios abandonados do Estado continuam a manchar a cidade: Estabelecimento de Ensino de Santa Joana, o antigo centro de saúde de São Bernardo, a antiga CGD. As portagens da A25 continuam onde estavam. E a ligação a Salamanca nem sequer entrou em estudo.
O mais recente documento da Câmara, enviado ao Governo em junho, enumera 38 dossiês por resolver. É um retrato de abandono. E mais: é um espelho da paralisia em que caiu a relação entre Aveiro e o poder central.
Em maio voltamos a votar. A pergunta impõe-se: terão os representantes políticos coragem para passar a fatura de tantas promessas esquecidas? Ou vai Aveiro continuar a ser palco de campanhas recicladas, em que se promete tudo, se faz nada — e o “Zé Povinho” continua a pagar?
* Gestor Industrial.
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