As mulheres e os homens que representamos, dos sectores considerados de serviços essenciais e a sua discriminação ao nível do respeito pelo exercício de direitos, em período de Pandemia e de Estado de Emergência, são muito graves e irão traduzir-se em problemas sociais irreparáveis.
Por António Baião *
Ao nosso Sindicato têm chegado nos últimos dias diversos pedidos de ajuda de homens e mulheres dos serviços hospitalares de Alimentação, Lavandarias e tratamento e recolha de resíduos, das Instituições Particulares de Solidariedade Social, Misericórdias, Lares Privados e Unidades de Hospitalização Privada, para orientação sobre a forma como podem exercer o direito constitucional de guarda, proteção e defesa dos seus filhos de idade até 12 anos.
A todos e todas, as suas empresas e instituições, estão a exigir que deixem os seus filhos em locais alternativos aos estabelecimentos escolares e creches, independentemente de se lhes reconhecer ou não condições para lá acolherem os seus filhos, muitos deles com menos de 3 anos, ou se são ou não compatíveis em deslocação geográfica ou financeiramente suportáveis ou compatíveis, com a situação financeira destes trabalhadores(as).
Esta situação é discriminatória, não tem em conta o direito ao exercício da parentalidade e apenas aplica a condição de trabalhadores essenciais nos deveres, recusando o seu reconhecimento no que aos direitos diz respeito.
Existem situações em que pela aplicação desta regra, num casal em que um deles aufira um salário de 1200€, mas não sendo de profissão considerada de serviços essenciais, fica obrigado a ficar em casa e receber apenas 66% do seu salário, enquanto que outro aufere apenas 665€, por ser trabalhador de serviços essenciais é que vai trabalhar.
Quem paga a esta família a perda de rendimentos a que fica sujeita? A proposta da CGTP-IN do pagamento a 100% neste apoio aos pais que tenha de ficar em casa a cuidar dos filhos é mais que justa.
A pressão diária, com a indicação de que irão ter faltas injustificadas caso não vão trabalhar, alguns casos trabalhadores(as) de famílias mono-parentais, está a deixar em situação muito grave a nível psicológico, muitos trabalhadores(as) a quem está a ser solicitado que deixem a proteção e guarda dos seus filhos a instituições e pessoas que nunca com eles mantiveram qualquer contacto.
A todos estes trabalhadores e trabalhadoras o Sindicato está a dar o apoio para que possam ultrapassar esta grave e discriminatória situação.
* Dirigente Sindical / Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro.