Apesar de o ano ter começado mal, os setores da restauração, similares e do alojamento turístico começam agora a vislumbrar alguma esperança.
Por Mário Pereira Gonçalves *
O início do mês de fevereiro trouxe as boas notícias há muito aguardadas, o alívio de algumas, poucas, restrições sanitárias de combate à Covid-19. A AHRESP já saudou a medida aprovada no Conselho de Ministros de 3 de fevereiro, que adota a recomendação europeia para que os cidadãos com Certificado Digital Covid-19, seja de vacinação ou de recuperação, tenham liberdade de circulação, sem necessidade da apresentação de teste negativo à chegada, independentemente da situação epidemiológica do país de origem.
É, aliás, uma recomendação do Conselho Mundial de Viagens e do Turismo (WTTC), que insta os Governos de todo o mundo a levantar as restrições às viagens internacionais, permitindo que os viajantes totalmente vacinados se desloquem livremente, sem necessidade de testes, e utilizando soluções digitais que lhes permitam comprovar o seu estado vacinal de forma rápida, simples e segura.
Apesar de o ano ter começado mal, os setores da restauração, similares e do alojamento turístico começam agora a vislumbrar alguma esperança. Mas 2022 vai ser seguramente marcado por grandes desafios para a gestão dos negócios destas atividades económicas. Esta é uma das conclusões que retirámos das entrevistas aos empresários que espelhamos nesta edição do Manual de Negócios AHRESP.
De Norte a Sul do país, perguntámos a 19 empresários da restauração, similares e do alojamento turístico em que situação se encontram os negócios ao fim de dois anos de pandemia e quais devem ser as áreas de intervenção prioritária do Governo.
As respostas refletem o desejo comum de um alívio da carga fiscal para fazer face à retoma, equilibrando a escalada de preços da energia e dos combustíveis, com reflexo nos custos das matérias-primas e uma inflação generalizada que ameaça contaminar a retoma das empresas do turismo.
As tesourarias continuam depauperadas e o impacto negativo que a variante Ómicron veio trazer às nossas empresas justifica um novo e reforçado apoio a fundo perdido, uma vez que nesta altura praticamente todas as ajudas já foram retiradas. A preocupação com a falta de trabalhadores é igualmente central e há que tomar medidas para tornar as profissões do turismo verdadeiramente atrativas, caso contrário as empresas estão comprometidas no seu funcionamento.
Não é a AHRESP que o afirma, embora as preocupações e apelos dos empresários estejam em linha com as 20 propostas da Associação apresentadas para a Legislatura 2022/26 para o relançamento da economia. É a voz dos empresários que sobreviveram e se reinventaram.
Os problemas económicos e financeiros estão longe de estarem sanados e torna-se fundamental que o novo Governo trabalhe no desenvolvimento de um clima de confiança que envolva consumidores e agentes económicos. É fundamental que o novo Governo dê prioridade às empresas, que são o pilar da saúde económica do país, em particular às mais afetadas pela pandemia. Apesar de toda a resiliência, há muitos negócios que se mantêm à tona por um fio. As empresas requerem-se fortes e com capital para terem condições de investimento, de criação de emprego e riqueza para o país. A AHRESP quer ser, uma vez mais, parte da solução, estando por isso à disposição para trabalhar de forma proativa com o novo Governo e reitera as suas propostas nos domínios do incentivo ao consumo, da fiscalidade, da capitalização das empresas,da qualificação e dignificação do emprego e da legislação laboral e contratação coletiva. As empresas e os empresários da
restauração, similares e do alojamento turístico querem, e podem ser uma vez mais, cruciais na retoma económica de Portugal, assim tenham as condições que tanto necessitam.
* Presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
MNA#41 – A voz dos empresários: Preocupações apelos de 19 empresários
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