A MUBi Aveiro alerta para a necessidade de serem garantidas as condições de efectiva segurança dos utilizadores de bicicleta em todo o percurso do trajecto ciclável entre a Estação de Comboios e a Universidade de Aveiro, com óbvia particular importância nos locais com maior intensidade de tráfego motorizado.
A escolha de um percurso exterior ao centro urbano, largamente contestada na altura pelos utilizadores de bicicleta, penalizou já fortemente este projecto, financiado pelo erário público com o objectivo de incrementar as deslocações quotidianas em bicicleta e reduzir a dependência da utilização excessiva do automóvel na cidade.
Um trajecto ciclável é tão bom quanto a sua intersecção mais fraca
É agora fundamental que a intervenção garanta a segurança dos utilizadores vulneráveis em especial nas intersecções com o espaço rodoviário e locais de coabitação com maior intensidade de tráfego motorizado. É de particular importância o adequado tratamento das rotundas do ISCA e da Av. Congresso Oposição Democrática (junto ao Pingo Doce), do cruzamento com a Av. Mário Sacramento e da Rua da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Aveiro.
Como comummente referido no meio: um trajecto ciclável é tão bom quanto a sua intersecção mais fraca. Existe uma grande variedade de documentação disponível com boas práticas e recomendações de desenho de infraestruturas para a circulação de bicicletas, que a autarquia não pode ignorar e descartar.
Impõe-se que em todo o percurso do trajecto ciclável, e com especial atenção nos referidos pontos mais críticos, sejam implementadas medidas físicas de redução efectiva de velocidade dos veículos motorizados. Para o qual existe uma diversidade de possíveis soluções indicadas, tais como sobrelevação das intersecções e piso rugoso, redução de raios de viragem em cruzamentos, estreitamento das vias, quebras da linha de continuidade do tráfego motorizado, etc., ou mesmo outros elementos que remetam a percepção do espaço para um local mais humano e menos rodoviário, induzindo um maior cuidado dos condutores. É de todo insuficiente apenas a sinalização de limite de velocidade.
É igualmente fundamental que as medidas a aplicar nas intersecções tornem os utilizadores vulneráveis mais visíveis, bem posicionados na via e em condições de, atempadamente, poder estabelecer contacto visual perante os condutores motorizados.
As velocidades actualmente praticadas na rotunda da Av. Congresso Oposição Democrática, induzidas pelo próprio desenho da infraestrutura, não se coadunam com o atravessamento de um trajecto ciclável. A MUBi Aveiro recomenda que esta rotunda passe a ter uma única via de circulação, com forma mais compacta e circular e menos elíptica, saídas da rotunda com uma via de trânsito e entradas em sentido radial e não tangencial, induzindo velocidades mais moderadas e tornando-a mais adequada ao meio urbano.
No cruzamento com a Av. Mário Sacramento, e dada a diversidade e complexidade de interacções entre peões, velocípedes e veículos motorizados, a MUBi Aveiro recomenda limite de velocidade de 20 km/h com elevação de todo o cruzamento e aplicação de piso rugoso, e semaforização com precedência aos velocípedes relativamente ao tráfego motorizado.
Nas passagens de atravessamento de velocípedes, a abordagem dos ciclistas deve ser feita na perpendicular à faixa de rodagem.
As faixas cicláveis, como propostas para a Rua da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Aveiro, devem ter em conta uma distância de segurança a obstáculos, nomeadamente de pelo menos 25 cm aos lancis de passeios, e uma buffer zone de separação do espaço rodoviário.
As vias para bicicleta nunca devem terminar em passeios, onde o Código da Estrada proíbe a sua circulação, nem ser colocadas à mesma quota.
No interesse de todos os cidadãos e da melhor aplicação dos fundos públicos é certamente conveniente que neste tipo de projectos sejam envolvidos, desde o início e em todas as suas fases, os utilizadores de bicicleta.
A MUBi Aveiro recomenda veementemente que a autarquia passe a ter, a par de uma estratégia integrada e abrangente para a mobilidade activa e sustentável, uma abordagem sistematizada à redução do risco rodoviário para os utilizadores vulneráveis. E exige que a edilidade informe os cidadãos do estado de implementação de todas as medidas e acções de mitigação da sinistralidade rodoviária constantes do Plano Municipal de Segurança Rodoviária, aprovado pelo Executivo Camarário há quase dois anos, assim como da sua monitorização e diagnóstico.
MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta
Secção Local de Aveiro