Ao contemplarmos a superfície do Oceano não temos a perceção da quantidade de plástico que nele tem vindo a ser descartado. Um artigo a pretexto do Dia Mundial dos Oceanos (8 de junho).
Por Paula Sobral *
Sabia que há plástico nas microesferas incluídas em grande parte dos produtos de cuidado e higiene pessoal? E que a lavagem de roupa sintética também dá origem aos microplásticos? Sabia que todos os dias são escoadas toneladas de plástico nos rios de todo o mundo?
A esmagadora maioria acaba nos oceanos. Sob a forma lixo, em grandes ou pequenos formatos, estima-se que, anualmente, se despejem mais de 12 milhões de toneladas de plásticos no mar. No Dia Mundial dos Oceanos, o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente reforça a urgência de uma mudança de atitude.
A presença de plástico nos oceanos é uma ameaça mundial e envolve todos os estratos sociais – dos consumidores aos decisores políticos, passando pelas entidades reguladoras, cabe a todos a missão de minimizar as sequelas da sua existência.
Ao contemplarmos a superfície do Oceano não temos a perceção da quantidade de plástico que nele tem vindo a ser descartado. Para além do que, infelizmente, podemos detetar a olho nu, e do que sabemos que se foi alojando no fundo do mar ao longo dos tempos, existem ainda os plásticos de pequenas e microdimensões de impacto tão ou mais nefasto.
Um risco para a biodiversidade e para a saúde, que cresce de forma alarmante. Para o MARE, é fundamental que se aposte na investigação e na tecnologia. Os números são claros: passámos de uma estimativa de 8 milhões de toneladas anuais, só nos oceanos, o equivalente a um camião por minuto, para mais de 12.
Se nada for feito, estes números vão escalar – a OCDE previu, recentemente, a triplicação do recurso ao plástico até 2060.
O Tratado Global para os Plásticos aprovado em março de 2022 na Assembleia do Ambiente das Nações Unidas pode alterar o curso da História.
Trata-se de um instrumento juridicamente vinculativo que visa acabar com a poluição por plásticos até 2040. Contempla diferentes medidas, com foco na economia circular, na sustentabilidade e na otimização da gestão de resíduos. Medidas que, a serem cumpridas, podem contribuir para a redução de parte do mal que tem vindo a ser feito.
* Investigadora do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. Centro de investigação científica, desenvolvimento tecnológico e inovação com competências para o estudo de todos os ecossistemas aquáticos, na vertente continental e no mar. Promove o uso sustentável de recursos e a literacia do oceano disseminando o conhecimento científico e apoiando políticas de desenvolvimento sustentável. Criado em 2015, integra 7 Unidades Regionais de Investigação associadas às seguintes instituições: Universidade de Coimbra (MARE-UCoimbra), Politécnico de Leiria (MARE-Politécnico de Leiria), Universidade de Lisboa (MARE-ULisboa), Universidade Nova de Lisboa (MARE-NOVA), ISPA – Instituto Universitário (MARE-ISPA), Universidade de Évora (MARE-UÉvora) e ARDITI (MARE-Madeira). Mais info em https://www.mare-centre.pt/.
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