Pinheiro-bravo e produção de resina

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Resipinus (foto partilhada no Facebook).

Os povoamentos de pinheiro-bravo em Portugal, além de apresentarem uma redução significativa em área ao longo dos últimos anos, apresentam também uma forte alteração das suas características.

Por Marco Ribeiro *

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Povoamentos constituídos por árvores de médio e grande porte, com diâmetros muito atrativos para as serrações, por exemplo, são atualmente uma raridade observada nos nossos pinhais.

O que existe são grandes extensões de pinhal, em grande parte muito jovem e proveniente de regeneração natural, onde durante vários anos não existe qualquer intervenção silvícola que o beneficie, sendo por isso evidente uma enorme falta de gestão profissional nestas áreas. Este facto prejudica de forma significativa a produção de resina, uma vez que a fileira necessita de áreas com escala e com diâmetros médios superiores a 20 cm, o que, cada vez mais, é difícil de verificar no terreno.

A produção de resina em Portugal nos últimos anos ronda as sete mil toneladas anuais, o que não chega a 10% das necessidades da nossa indústria de 1ª e 2ª transformação. Isto leva a que essa mesma indústria seja obrigada a importar grande parte da sua matéria-prima, na sua maioria de países da América do Sul.

Um recurso renovável

Tendo em conta que os princípios da bioeconomia passam pela existência de um modelo económico que substitui a utilização de recursos fósseis por recursos renováveis, a resina natural apresenta-se com uma posição de destaque, uma vez que substitui diretamente os derivados de petróleo no fabrico de uma enorme quantidade de produtos provenientes da indústria química, amplamente utilizados no nosso dia a dia.

A bioeconomia de base florestal passa também por potenciar o desenvolvimento económico e social assente na utilização sustentável de recursos de base regional. Assim, se continuarmos sem uma verdadeira estratégia nacional para a resinagem e para os nossos pinhais em geral, iremos cada vez mais assistir a um abandono geral destas áreas, obrigando as indústrias a aumentar no futuro as suas importações de matéria-prima, contrariando, dessa forma, muitos dos princípios da bioeconomia que se pretendem implementar.

* Presidente da Resipinus. Artigo publicado originalmente na revista Produtores Florestais.

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