Pescadores que morreram em São Jacinto são do Norte do País

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Molhe norte do Porto de Aveiro (imagem RTP).

Os três pescadores lúdicos que morreram esta manhã, na praia de São Jacinto, arrastados por uma vaga mais forte que galgou o molhe norte da barra do Porto de Aveiro, eram residentes em localidades do Norte do País e tinham idades a rondar os 55 anos.

Os cadáveres foram transportados para o Gabinete Medico-Legal de Aveiro afim de serem autopsiados, tendo sido contactadas as respetivas famílias.

Um quarto pescador, que deu o alerta pelas 10:45, apesar de atingido pela onda, conseguiu sair ileso.

Dois dos três homens terão sido projetados violentamente para as pedras do molhe e caíram no mar. Seriam resgatados das águas já sem vida pelos meios da Polícia Marítima e ‘Estação Salva Vidas’, com apoio dos Bombeiros Novos.

O terceiro cadáver esteve desaparecido, tendo sido recuperado ao fim de duas horas de buscas.

Os falecidos (de 54, 55 e 56 anos) eram residentes nos concelhos de Gaia e Valongo.

Inúmeros pescadores aproveitaram “a melhora das condições” do tempo para pesca apeada no molhe norte, um dos principais spot’s de São Jacinto, relatou o comandante da Capitania do Porto de Aveiro, Carlos Isabel.

“Num momento, tudo indica, de menos precaução”, três deles foram colhidos por uma vaga que galgou o farolim e varreu toda a base do molhe, apanhando o terceiro homem que estava na pesca lúdica apeada.

“Trata-se de uma zona devidamente sinalizada como perigosa pelo Porto de Aveiro, para que as pessoas não coloquem em risco a vida, mas há pessoas mais precavidas e outras menos”, lamentou o comandante da Capitania.

Os pescadores procuram a zona do molhe norte, nesta altura do ano, sobretudo, em busca de robalos.

O acesso passou a ser feito, desde  o verão passado, também por um estradão contíguo à antiga base, atual RI10.

“Nem tivemos tempo de fugir”

As circunstâncias, em concreto, do incidente – a primeira tragédia mortal deste género no molhe norte – serão investigadas no âmbito do inquérito entretanto aberto pela autoridade marítima.

Com a barra aberta, é permitido a pesca nos molhes. O sobrevivente assumiu que os pescadores foram apanhados de surpresa pela onda. “Estava tão bom, tão bom, e de repente nem tivemos tempo de fugir”, contou às autoridades.

“O molhe norte é muito falso”

“Deviam estar a pescar à bóia, o que obriga a encostar ao mar, para ver a bóia no mar. Por vezes acontece uma onda mais forte, quando muito apanha-se um banho. As pessoas experientes não arriscam, como parece que estavam a arriscar. O molhe norte é muito falso. Alguns pescadores não quiseram ficar ali hoje, um grupo regressou. Estamos num período de vagas muito altas, tem ondas com muita força.”, explicou um pescador que conhece bem a zona.

(em atualização)