Parque de veículos elétricos vs. Rede de Carregamento: Seremos vítimas do nosso sucesso?!

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Carregamentos elétricos, Albergaria-A-Velha.
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Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? De alguma forma a dificuldade deste dilema também pode aplicar-se ao desenvolvimento da mobilidade elétrica. A relação entre o número de veículos em circulação e os pontos de carregamento é um fator chave para um crescimento sustentado.

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No entanto, na mobilidade elétrica o dilema é de fácil resposta: os pontos de carregamento têm de conseguir gerar a procura dos veículos. Só a confiança criada pela existência e disponibilidade dos pontos de carregamento consegue gerar o impulso necessário no utilizador para a transição.
Parque circulante

No que diz respeito ao crescimento do parque automóvel, Portugal é um enorme caso de sucesso! Como um todo, o crescimento das vendas de automóveis ligeiros de passageiros 100% elétricos na União Europeia sofreu uma desaceleração nos primeiros seis meses do ano, mas Portugal parece imune a essa desaceleração, com os números a mostrarem essa realidade de forma clara.

Na União Europeia, no primeiro semestre de 2024, foram vendidos 712.637 automóveis ligeiros de passageiros 100% elétricos, o que representa um crescimento de 1,3%. Assim sendo, o crescimento das vendas de automóveis 100% elétricos no primeiro semestre de 2024 é inferior ao das vendas totais de automóveis (4,5%). Consequentemente, a quota de mercado de venda de veículos elétricos passou de 12,9% em 2023 para 12,5% em 2024.

Não se enquadra nesta análise a explicação desta desaceleração no mercado europeu, mas fica a breve nota de uma responsabilidade muito específica do mercado alemão e sueco.

No primeiro semestre de 2024, as vendas de veículos 100% elétricos na União Europeia cresceram apenas 1,3% face a 2023, mas em Portugal alcançámos um significativo crescimento de 12,5%, praticamente dez vezes superior à média europeia.

Os 12,5% de crescimento colocam Portugal como o 10.º país com maior crescimento na União Europeia. Mais relevante ainda se considerarmos que apenas Dinamarca, Bélgica e França possuem volume de vendas significativo. Todos os restantes à nossa frente são países com volumes de vendas muito baixos: Malta (1.331), Chipre (496), Hungria (4.653), República Checa (4.146), Luxemburgo (6.437) e Eslováquia (1.232).

Mas o sucesso é igualmente importante na taxa de penetração do veículo 100% elétrico, onde Portugal alcança um 9.º lugar, com uma quota de mercado de 16,5%, também aqui superior à média europeia que se situa nos 12,5%.

Só em julho de 2024 entraram no nosso parque circulante 4.736 automóveis ligeiros de passageiros – 100% elétricos e 3.162 híbridos plug-in -, entre novos e importados usados. Isto significa a necessidade – para cumprir com as metas AFIR -, da introdução na nossa rede pública de 8.686,4 kW. Para uma visualização concreta, este valor corresponde a 72 novos pontos de carregamento, com uma potência de carregamento de 120 kW, que teriam de ser instalados, só em julho de 2024, na nossa rede pública.

E é este o nosso dilema final: Se tivermos a capacidade de criar soluções que nos permitam crescer na introdução de veículos elétricos do nosso parque circulante a um ritmo superior à média europeia, então também teremos de ser capazes de encontrar formas de fazer crescer a infraestrutura de carregamento a um ritmo superior à média europeia!

Não podemos ser vítimas do nosso sucesso!

* Resumo de artigo da autoria da UVE – Associação de utilizadores de Veículos Elétricos, publicado na edição nº 83 da revista Blueauto de setembro de 2024 (ler versão completa).

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