Pacto de silêncio entre acusados no processo da casa mortuária do hospital de Aveiro

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Gabinete Médico Legal, Aveiro.

Nenhum dos 20 arguidos envolvidos no processo das funerárias, relacionado com alegados favorecimentos na casa mortuária do hospital de Aveiro, que está a ser julgado no Tribunal de Aveiro, quis prestar declarações na fase inicial de produção de prova.

O único acusado que esteve ausente aquando do arranque do julgamento, gerente funerário, disse à juíza presidente, na início da segunda sessão, realizada, esta sexta-feira, que, para já, também não iria falar sobre os factos em causa.

Os arguidos são 11 pessoas singulares (um funcionário do hospital de Aveiro, um antigo funcionário do hospital e nove gerentes de funerárias) e nove pessoas coletivas (empresas funerárias).

Os dois assistentes operacionais da casa mortuária existente na morgue do hospital respondem por 32 crimes de recebimento indevido de vantagem. Um deles é acusado, ainda, de corrupção passiva e falsificação de documento.

Segundo a acusação, está em causa o recebimento de “gratificações” que variavam entre os cinco e os cem euros, ofertas de refeições e outras vantagens atribuídas pelos agentes funerários tendo em vista obterem serviços. Os gerentes das empresas respondem por crimes de entrega/promessa indevida de vantagem.

O tribunal ouviu um gerente de uma funerária em Ílhavo, testemunha arrolada pela acusação, de quem partiram “queixas” (no seu caso “verbais”, mas também no livro de reclamações por intermédio de um funcionário seu) por “tratamento de forma diferenciada” nos serviços que eram prestados na casa mortuária, nomeadamente a preparação dos cadáveres para os funerais.

Era “barrado” à entrada para esperar vez, enquanto “outros passavam à frente”

O mesmo gerente contou que era “barrado” à entrada para esperar vez, enquanto “outros passavam à frente”, adiantando que circulavam “comentários” entre os profissionais do ramo “de gorjetas” para serem “despachados” mais rápido. “Se vi ? Não vi. Mas agora não encontro mais nenhuma justificação para a diferenciação de tratamento. Um colega referiu que havia pagamentos por cheques. Nunca fiz pagamento nenhum”, disse, confirmando que viu um dos funcionários acusados “a colaborar com agentes funerários” fora do serviço. Esclareceu, ainda, desconhecer se os funcionários encaminhassem potenciais clientes para as agências funerárias. “As famílias é que escolhem a agência, deve ser assim, não tenho provas do contrário”, concluiu.

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