Ovar / Dragagens na Ria: Câmara sem meios, nesta fase, para atender pedido dos agricultores da Marinha

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Lugar da Marinha, Ovar (Foto Rui Miguel).
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O presidente da Câmara de Ovar remeteu para uma fase posterior à obra de dragagem da Ria de Aveiro atualmente em curso possíveis melhoramentos reivindicados por agricultores que cultivam terrenos ribeirinhos no lugar da Marinha para garantir a defesa de águas salgadas.

“Temos de saber gerir esta situação, não vamos colocar em causa um projeto estruturante para Ovar e para a região de Aveiro com entraves para surgirem problemas ainda maiores. Estamos prontos para no âmbito de trabalhos complementares ou até de empreitadas da Câmara poder ceder às pretensões” afirmou Salvador Malheiro, ao final da manhã, junto aos Paços de Concelho, onde se concentraram cerca de duas dezenas de pessoas a pedir a intervenção municipal.

“Temos de perceber que estamos perante processos muito complexos, alterar um caderno de encargos com obras no terreno não é fácil. Poderia dar origem a uma guerra jurídica como, infelizmente, temos casos no nosso território”, lembrou o edil referindo-se aos problemas existentes na empreitada de requalificação da Barrinha de Esmoriz.

António Valente, um dos agricultores afectados, esteve presente na concentração, voltando a lamentar que a dragagem em curso não seja aproveitada pela sociedade Polis Litoral Ria de Aveiro para defender os campos das águas salgadas.

“Vimos pedir à Câmara para interceder junto das entidades, é necessário fazer uma obra mais correta, não é suficiente o que está a ser feito para evitar a invasão de águas aquando das marés vivas. O canal está muito aberto, as águas entram por cima das dunas e o milho fica queimado pelo salitre”, reclamou.

Para o agricultor, com a colocação de “metro e meio de altura” de dragados, aproveitando as máquinas estarem no terreno, seria uma boa solução. “Já que estão lá, deviam repor a ria onde ela é e não apenas dragar o canal para passeios”, alertou.

Discurso direto

“A obra teve uma consulta pública e pronúncia. Poderíamos ter feito uma apresentação mais contundente para acautelar estas questões, que fazem pouco sentido”.

“Há outro problema: quem manda na Ria, quem tem competência, é um hiato que existe, não é falta por pressão da CIRA, teríamos ganhos de eficiência e eficácia, é necessário clarificar de uma vez por todas quem ficará com a gestão da Ria”.

“Sobre a ocupação do domínio público, estamos ao lado dos proprietários contra a nacionalização encapotada de terrenos privados por causa de uma lei que obriga a demonstrar a propriedade privada até 1864. É uma grande injustiça, são terrenos das famílias, comprados, pagam IMI, estamos do lado dos privados” – Salvador Malheiro, presidente da Câmara de Ovar.

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